O restaurante ainda estava fechado quando ela chegou. O sol mal começava a subir no horizonte, mas sua mente já fervia.
Valentina achava que teria paz ao menos pela manhã. Um tempo sozinha antes de encarar os clientes, a equipe, a papelada. Antes de encarar ele.
Mas não teve sorte.
Heitor já estava lá. Sentado em uma das mesas próximas à cozinha, café recém-feito à frente, os olhos fixos nela desde o momento em que cruzou a porta.
Apesar de tudo, ele nunca aparentava estar cansado, nunca tinha olheiras. Enquanto ela parecia ter sido satirizada por um panda, mesmo após a noite longa de sono nos braços do ex-namorado.
— Dormiu fora? — ele perguntou com aquela voz baixa e firme que a fazia querer gritar ou se jogar contra ele.
— Não é da sua conta — respondeu, sem freios.
— Tudo que diz respeito à sua segurança é da minha conta.
— O que você quer, Heitor? Um relatório? Fotos da cama?
Ele se levantou, devagar, como um animal prestes a atacar — não com violência, mas com controle.
— Eu ouv