O sol já se despedia quando Cecília dobrou a esquina a caminho do bar. Estava atrasada e por isso já começava a sentir o estresse se acumular. Colocou os fones de ouvido, tentando se isolar do mundo ao redor. Mas bastou cruzar a praça para que um vulto conhecido a fizesse parar abruptamente.
— Que coincidência cruzarmos por aqui — o pai dela, surgindo do nada como um espectro do passado.
Cecília congelou. O coração disparou. Não era medo exatamente. Era exaustão. A alma cansada de repetir as mesmas feridas.
— Não é coincidência, o que você quer? — perguntou, seca, retirando um fone.
— Só conversar. Não precisa me tratar como um criminoso.
Ela riu, amarga.
— Já sei bem como essa história termina.
O homem se aproximou com aquele jeito cínico, um meio sorriso disfarçando o mau humor.
— Estou numa situação complicada, filha. Cada dia que passa a situação só piora e minha dívida aumenta.
Ela fechou os olhos, respirando fundo.
— Pois então pai, a divida é sua. Já disse que não tenho o dinhe