A tarde estava apenas começando quando Cecília e Júlia entraram no bar pelos fundos. O movimento na rua ainda era tímido, e o ambiente estava silencioso, com aquele cheiro conhecido de madeira, álcool e limpeza recente. O relógio marcava pouco depois das três da tarde, e o bar só abriria às cinco. Tempo suficiente para organizarem o estoque, ajustarem as mesas e trocarem algumas confidências.
Cecília ajeitava garrafas na prateleira do balcão enquanto Júlia carregava um engradado de cerveja.
— Você tá melhor hoje? — perguntou a amiga, sem rodeios.
— Melhor é exagero — respondeu Cecília, com um sorriso cansado. — Mas sobrevivi à semana sem meu pai bater de novo na minha porta. Já é alguma coisa.
— Não confio nesse silêncio dele. É o tipo que se afasta só pra voltar com mais problema.
Cecília concordou em silêncio. Ainda estava arrumando as garrafas quando o barulho da porta se abrindo as fez virar abruptamente. A entrada da frente ainda estava destrancada. Um erro que não costumavam com