O movimento na loja estava intenso naquela tarde, e Cecília corria de um lado para o outro tentando atender todos os clientes com um sorriso treinado, mesmo que os pés doessem. Estava organizando algumas peças sobre a bancada quando ouviu a voz da recepcionista.
— Cecília, pode atender essa cliente?
Ela ergueu o olhar e, por um instante, o mundo pareceu parar.
A mulher diante dela era impecável: cabelos presos em um coque perfeito, joias discretas, perfume caro que chegava antes dela. Os traços eram familiares demais para que Cecília não reconhecesse — era a mãe de Enrico.
O coração de Cecília deu um salto dolorido no peito, mas seu rosto permaneceu calmo. Respirou fundo, endireitou os ombros e caminhou até ela com a voz mais profissional que conseguiu reunir.
— Boa tarde. Posso ajudá-la?
A mulher a olhou de cima a baixo, os olhos frios, avaliadores. Um leve sorriso curvou seus lábios — não de simpatia, mas de quem observa um detalhe fora do lugar.
— Preciso de um vestido. Algo… refin