A manhã seguinte amanheceu enevoada, como se o tempo tivesse decidido refletir o peso da noite anterior. Cecília acordou cedo, mas permaneceu alguns minutos deitada, olhando para o teto, com a mente em turbilhão. O eco da discussão com Enrico ainda vibrava dentro dela, e cada palavra parecia mais difícil de silenciar.
Quando finalmente se levantou, encontrou-o já pronto para sair. Ele ajustava os punhos da camisa diante do espelho da sala, a expressão séria, os movimentos meticulosos.
— Bom dia — arriscou ela, a voz baixa.
— Bom dia — respondeu ele, sem erguer os olhos.
O silêncio que se seguiu foi incômodo. Cecília preparou o café, os gestos automáticos, mas o apetite havia desaparecido. Colocou a xícara diante dele, e por um instante achou que ele fosse recusar. Enrico apenas agradeceu num tom contido e bebeu um gole.
— Dormiu bem? — perguntou, como quem busca quebrar o peso entre eles.
— Mais ou menos — respondeu ela, evitando encarar diretamente. — E você?
— O suficiente. — A resp