Nos dias seguintes, Cecília começou a perceber um padrão nas mensagens da irmã. Não eram apenas conversas sobre o bebê, ou desabafos sobre o casamento. Laura sempre encontrava uma forma de trazer Enrico para o assunto.
"Ele parece ser o tipo de homem que sabe cuidar…",
"Você tem sorte, Cecília… não sei como conseguiu alguém assim",
"Ele já comentou sobre mim?"
No início, Cecília respondeu de forma evasiva, atribuindo as perguntas a um simples excesso de curiosidade. Mas, com o tempo, o incômodo cresceu. Principalmente porque, no fundo, sabia que Enrico não estava errado — a aproximação repentina de Laura tinha algo de calculado.
Naquela noite, enquanto arrumavam a cozinha, Enrico notou que ela estava mais quieta.
— O que foi? — perguntou, secando um prato e deixando-o sobre o balcão.
Ela sentiu a garganta apertar. A vontade de dizer "minha irmã está passando dos limites, eu não sei lidar com isso" quase escapou, mas recuou no último instante.
— Nada. Só cansaço. — respondeu, desviando