O primeiro dia sem Enrico começou como qualquer outro — pelo menos, na superfície.
Cecília acordou cedo, tomou banho e se arrumou para o trabalho, tentando ignorar o silêncio diferente do apartamento. Estava acostumada com a presença dele: o som da cafeteira funcionando, a toalha jogada de qualquer jeito no banheiro, a voz grave desejando “bom dia”. Sem ele ali, tudo parecia mais amplo e mais quieto do que de costume.
Na rua, o ar fresco da manhã ajudou a espantar a estranheza. Ela colocou os fones de ouvido e seguiu seu caminho até o café. Não percebeu o carro preto estacionado discretamente na esquina oposta. Dentro dele, o segurança contratado por Enrico observava cada movimento, atento, invisível aos olhos dela.
Pouco depois de abrir o café, Cecília recebeu a primeira mensagem do dia:
Enrico: Bom dia. Chegou bem?
Cecília: Bom dia. Sim, tudo tranquilo por aqui. E você?
Enrico: Chegando para a primeira reunião agora. Dormiu bem?
Cecília: Até que sim. Só senti falta do seu ronco.
Enr