O corredor do hospital parecia mais longo naquela manhã.
Cecília andava devagar, o corpo ainda frágil, a pequena Aurora aninhada nos braços. O som dos próprios passos misturava-se ao eco distante de vozes e rodinhas de macas, e por um instante ela teve a sensação estranha de estar deixando para trás um mundo inteiro — o da dor, do medo, da sobrevivência.
Enrico caminhava um pouco à frente, levando a bolsa com os pertences e o olhar atento, como se cada movimento dela fosse algo que precisasse ser protegido.
Quando chegaram ao estacionamento, ele abriu a porta do carro e esperou que ela se acomodasse com a bebê antes de dar a volta e entrar.
O trajeto foi silencioso, mas um silêncio leve, quase calmo. Aurora dormia, o rosto sereno, e Cecília se pegou observando o reflexo da bebê no vidro, o coração se apertando num misto de alívio e incerteza.
Enrico dirigia com as mãos firmes no volante, o olhar à frente, mas a cada sinal fechado seus olhos buscavam os dela, como quem queria se certif