O sol brilhava alto, refletindo nos vidros do shopping e nos carros alinhados no estacionamento, mas nada disso diminuía a tempestade que queimava dentro de Enrico. O céu azul parecia zombar dele, como se o mundo inteiro tivesse decidido continuar girando normalmente enquanto dentro dele tudo desmoronava.
Estacionou o carro com um gesto brusco, os dedos firmes demais no volante, as juntas esbranquiçadas pela força. Respirou fundo — uma, duas vezes — tentando, em vão, conter a fera que rugia em seu peito. Sentia o coração bater tão alto que parecia sacudir seu tórax por dentro.
Não conseguiu.
Desligou o motor com um clique seco e saiu do carro. Atravessou o estacionamento com passos decididos, cada passada ecoando contra o asfalto quente. O barulho de seus sapatos quase se perdia entre o tráfego da avenida próxima e o murmúrio distante dos clientes que entravam e saíam, sacolas nos braços e sorrisos distraídos nos rostos. Pessoas que viviam suas vidas como se nada de horrível pudesse t