Enrico permaneceu imóvel do lado de fora da porta, os punhos cerrados tanto pelo esforço de contê-la quanto pela raiva que ameaçava explodir a cada movimento de Cecília. O ar do apartamento chegava até ele, pesado e carregado de tensão, e cada gesto dela parecia martelar em sua paciência. Ele respirava fundo, contando mentalmente cada segundo, tentando convencer a si mesmo de que não podia atravessar aquele limite.
Era uma batalha silenciosa: a necessidade de proteger, de expulsar o desgraçado da loja, se chocava com a consciência de que qualquer passo em falso poderia destruí-la… ou destruí-lo.
Mentiu para si mesmo primeiro, e depois para ela: precisava sair dali. — Uma reunião no escritório — murmurou baixinho, quase para não ouvir sua própria voz. — Qualquer desculpa serviria. Qualquer pretexto para sair dali sem que ela questionasse.
O carro estava estacionado à sombra de uma árvore alta, folhas caindo lentamente sobre o capô metálico, criando um ritmo quase hipnótico. Enrico atrav