O apartamento de Cecília estava silencioso quando ele entrou. O cheiro familiar dela pairava no ar, doce e leve, contrastando de forma quase dolorosa com o peso que ainda carregava nos ombros.
Encontrou-a no quarto, sentada no chão ao lado da cama, com uma pequena pilha de roupas dobradas ao lado. Estava concentrada, os cabelos presos de qualquer jeito, a testa levemente franzida.
— Você devia estar descansando — disse ele, encostando-se ao batente da porta, a voz soando mais firme do que pretendia.
Cecília ergueu os olhos e forçou um sorriso leve, aquele tipo de sorriso que tenta iluminar o ambiente, mas que não chega a tocar os olhos. Havia algo nele, uma sombra de cansaço e preocupação que não podia ser escondida.
— Eu preciso manter a mente ocupada. Ficar parada só piora as coisas.
Enrico observou-a por um instante em silêncio, tentando suavizar a rigidez no peito. Ela parecia tão frágil, mas tão determinada ao mesmo tempo. Cada gesto seu carregava uma precisão quase automática, c