A manhã amanheceu cinza. A chuva fina batia contra a janela, como se o mundo inteiro partilhasse da ressaca que Cecília sentia por dentro.
Ela estava sentada no sofá, enrolada num cobertor, o olhar perdido no vazio. Desde que Júlia e Gabriel a trouxeram para casa de Júlia na noite anterior, não dissera mais nada. Apenas chorou em silêncio até não restar mais força. Agora, o corpo parecia cansado demais até para isso.
O vestido estava pendurado na cadeira, manchado de vinho e de lembranças que ela queria esquecer.
Tudo o que havia sonhado — o noivado, o futuro, a sensação de pertencimento — desmoronara em questão de minutos.
O som de passos leves a tirou do transe. Júlia apareceu com uma xícara de chá, o rosto sereno, mas os olhos denunciando a preocupação.
— Tenta tomar um pouco — disse, colocando a caneca na mesa. — Você precisa comer alguma coisa.
Cecília balançou a cabeça devagar.
— Eu não consigo.
— Você precisa tentar, Ceci.
Ela respirou fundo, mas não respondeu. O nome de Enrico