Uma semana havia se passado desde aquela noite — e, para Enrico, o tempo parecia correr em círculos.
Os dias se arrastavam entre reuniões silenciosas, olhares curiosos dos funcionários e o peso constante de um celular que nunca tocava de volta.
Cecília não atendeu nenhuma ligação. Não respondeu a nenhuma mensagem.
E, com o passar dos dias, o silêncio dela foi se tornando a punição mais dura que ele já enfrentara.
Naquela tarde, o escritório estava mergulhado em uma calma artificial. A cidade se movia lá fora, mas, dentro daquela sala ampla e fria, Enrico permanecia imóvel, olhando para a tela do computador sem realmente enxergar nada.
O anel de noivado estava sobre a mesa, entre papéis e relatórios, como uma lembrança que ele se recusava a guardar — ou a esquecer.
Uma batida leve na porta o tirou do torpor.
— Pode entrar — disse, ajeitando o paletó, tentando disfarçar o cansaço na voz.
A porta se abriu, e seu sócio, Rafael, apareceu. O semblante sério já denunciava que não se tratava