O fim de tarde caía sobre a cidade com a suavidade de um véu dourado. O céu, tingido de laranja e rosa, refletia-se nos vidros altos dos prédios, dando a sensação de que tudo estava envolto em uma claridade morna. Cecília caminhava ao lado de Enrico, cada passo hesitante denunciando a ansiedade que crescia em seu peito.
A corretora os guiava pela rua tranquila, seu salto firme no asfalto soando como uma batida de compasso que ditava o ritmo da pequena procissão. O bairro era charmoso, arborizado, de movimento contido — não havia buzinas irritadas nem barulhos exagerados, apenas o murmúrio distante da cidade que nunca dormia. Para Cecília, aquilo já parecia distante demais de sua realidade.
Quando pararam diante do prédio, ela sentiu a garganta apertar. A fachada era moderna, com linhas sóbrias, portaria elegante e jardins bem cuidados, iluminados por pequenas luzes que se acendiam à medida que a noite se aproximava. Era o tipo de lugar que ela passaria apressada na rua sem nunca imagi