O amanhecer mal havia começado a riscar o céu quando o toque insistente do celular quebrou o silêncio do escritório.
Enrico despertou de um sono leve e inquieto, o corpo dolorido pelo sofá estreito.
O mesmo sofá onde, meses antes, ele e Cecília haviam dado o primeiro beijo — um beijo com gosto de café que agora parecia pertencer a outra vida.
O som do telefone continuava, vibrando sobre a mesa de vidro. Ele se levantou num impulso, o coração já acelerando antes mesmo de ver quem chamava.
Marco.
Atendeu no primeiro toque.
Dessa vez, o detetive foi o primeiro a falar.
— Enrico… eu encontrei ela.
As palavras ecoaram como um trovão no silêncio da sala. Enrico ficou de pé, o corpo inteiro desperto num segundo.
— O quê? — a voz falhou. — Você tem certeza?
— Tenho. É ela, sem dúvida.
Enrico passou a mão pelos cabelos, o coração disparando.
— Meu Deus… — murmurou, tentando conter o tremor na voz. — Onde ela está?
Do outro lado da linha, o detetive hesitou.
— No hospital.
— Hospital? — Enrico