Theodoro Lancaster
Fiquei olhando para ela.
Leydi Dayane.
Sentada no banco de madeira do jardim, com os ombros tensos e os olhos fixos em algum ponto invisível além da cerca. Ela virava o rosto para o lado, como se pudesse esconder as lágrimas que insistiam em descer, mesmo contra sua vontade.
Eu queria dizer alguma coisa. Qualquer coisa. Mas as palavras tinham evaporado. Sumido como fumaça depois de uma explosão.
Depois daquela revelação — “Gamora é sua filha” — todas as frases possíveis pareciam pequenas demais.
E então, como se o universo tivesse decidido misturar realidade com ironia...
Veio ela.
Um pequeno furacão em forma de criança, com crocs barulhentos, passos apressados e uma energia que me atingiu como uma avalanche colorida.
— Mamãeeeee! — ouvi, antes de sequer vê-la.
Gamora.
A menininha de cachos lisos e castanhos no mesmo tom do meu, a camiseta do Hulk levemente torta, e os olhos negros acesos como fogos de artifício.
Ela corria na nossa direção com a empolgação de quem