Leydi Dayane
A madrugada foi um tormento.
Gamora não parava de tossir, o corpinho suado, quente como brasa viva. A febre subia e descia, como um maremoto cruel. A cada gemido dela, meu coração se quebrava um pouco mais. Por volta das três da manhã, ela vomitou pela segunda vez, e eu já nem sabia mais se o enjoo era dela ou meu — porque a culpa me corroía por dentro.
Claro que isso ia acontecer, pensei, em silêncio. O mar devia estar gelado, o vento úmido demais, o avião apertado e lotado com o ar-condicionado mais gelado que a neve do monte Everest. E eu? Eu estava encantada com o homem que mexe comigo desde o instante em que surgiu, desprevenida, na minha vida. Fiquei tão distraída com o Theodoro, com aquela família toda me cercando, com a ideia absurda de que poderíamos formar algo juntos, que não prestei atenção no mais importante: ela.
Minha filha.
Logo cedo, com os olhos ardendo de cansaço e os cabelos presos de qualquer jeito num coque frouxo, eu preparei um café preto forte. To