Leydi Dayane
O avião já sobrevoava São Paulo quando olhei pela janela e soltei um suspiro longo, sentindo a cidade surgir lá embaixo como uma velha conhecida que, apesar de todas as confusões, ainda nos abraça na chegada. Os prédios começavam a acender suas luzes como vaga-lumes gigantes e os carros se moviam como formiguinhas brilhantes pelas avenidas.
À minha direita, a babá de Gamora lia um romance de banca, os óculos na ponta do nariz, completamente alheia ao caos infantil que se desenrolava no assento ao lado. Talvez fosse melhor assim. Quem me dera poder escapar para um universo paralelo com final previsível e nenhum drama inesperado.
À minha esquerda, o verdadeiro tornado. Gamora.
Ela estava impossível. Tagarelando sem parar, os pés balançando no ar como se o avião fosse um parque de diversões particular. O combo suco + biscoitinho + misto quente + voo + chocolate, havia surtido o efeito esperado: pura energia condensada em um corpinho de pouco mais de um metro.
— E papai… você