Theodoro Lancaster
Sexta-feira. A manhã mal começou e, pasmem, eu estava de bom humor.
Sim, eu mesmo, Theodoro Lancaster. O carrancudo, mal-humorado, insuportável CEO que não suportava conversa fiada nem cafezinho fraco. Mas ali estava eu, entrando no prédio da empresa com um leve sorriso nos lábios e — veja só — cumprimentando as recepcionistas.
— Bom dia, garotas.
Ambas congelaram. Uma quase deixou a caneca cair da mão. A outra apenas piscou, assustada, como se estivesse vendo um fantasma.
Entrei no elevador assobiando. Isso mesmo, assobiando. Eu sabia que estava fora do meu padrão, e admito: achei divertido ver as reações. Ao chegar no andar da presidência, os olhares se voltaram todos para mim. Secretárias cochichavam, um analista cutucava o colega de mesa, e um dos estagiários chegou a derrubar a caneta no chão.
“Deixem falarem,” pensei. “Hoje é um dia bom. Gamora me chamou de papai. E a mulher que me tirou o juízo — e o sono — está na minha vida. É claro que eu vou sorrir.”
Mas