Leydi Dayane
Eu estava estirada no sofá, o corpo afundado nas almofadas como se fosse possível me camuflar nelas. A cabeça escorada no braço acolchoado, os olhos semicerrados, ainda tentando processar a sequência absurda de eventos que foi minha vida nos últimos dias. A pizza quase fria ainda estava ali, no meio da sala, repousando num prato de papelão surrado. O refrigerante de Bia ameaçava tombar a qualquer segundo, equilibrado de forma altamente irresponsável no tapete felpudo que ela insistia em chamar de “item de decoração boho chic”.
Ela estava de pernas cruzadas no chão, mastigando devagar, como quem precisava de tempo para preparar o cérebro antes do ataque.
— Agora que você já me traumatizou com a revelação do século — disse, limpando o canto da boca com a manga da blusa (e nem um pingo de vergonha) —, posso compartilhar o que aconteceu comigo essa semana?
— Se não compartilhar, eu vou morrer. Vai, me dá essa dose de caos que meu corpo já tá preparado.
Ela se ajeitou, fez aqu