Ainda antes do sol vencer completamente a nĂ©voa da madrugada, um som suave cortou o silĂȘncio que pairava como um vĂ©u sobre a aldeia. NĂŁo foi um choro comum. Foi como o sussurro de folhas ao vento, como o cĂąntico tĂmido da aurora entre galhos antigos. Selin havia nascido.
Lysandra, com lĂĄgrimas nos olhos e um leve sorriso nos lĂĄbios, olhava para a filha envolta em um manto tecido com fios lunares por Nihra e Myra. A criança nĂŁo chorava. Seus olhos estavam abertos, lĂmpidos como o cĂ©u apĂłs uma tempestade, e nela havia uma serenidade quase ancestral â como se jĂĄ tivesse vivido e morrido mil vezes antes daquele momento.
Aric aproximou-se devagar, como quem se ajoelha diante de um relicĂĄrio sagrado.
â Ela... ela me vĂȘ â disse ele, tocando suavemente os dedos da filha. â Como se soubesse quem fui antes de eu mesmo lembrar.
Eylin, a Caminhante dos Sonhos, entrou na tenda, guiada por Kael. Parou a alguns passos de distĂąncia, fechou os olhos e murmurou algo em um idioma esquecido.
â Ela Ă©... o