O quarto repousava em silêncio, iluminado apenas pelo dourado brando das lanternas suspensas. Samara, ainda com as mãos trêmulas, segurava o celular que Khaled lhe dera. O objeto parecia queimar em suas palmas, como se fosse mais do que um presente: era uma chave, uma chance, um sopro de liberdade que se abria em meio às paredes sufocantes do palácio.
Com o coração apertado, buscou o nome que conhecia de cor. Pai.
Ao primeiro toque, a linha foi atendida, e a voz do outro lado veio como um trovão carregado de dor e desespero.
— Samara?! — Eduardo Vila Real arfava, a respiração entrecortada como quem havia esperado a vida inteira por aquele momento. — Filha, é você? Onde você está?
O peito de Samara se comprimiu. Lágrimas romperam sua resistência e escorreram em rios silenciosos pelo rosto. O som da voz paterna a atravessou como uma flecha. Saudade. Angústia. Amor. Até a rigidez autoritária que tantas vezes a sufocara lhe pareceu, agora, um abrigo que perdera.
— Papai... — sua voz era u