65. Fundações e fendas
O salão da Fundação Montenegro parecia saído de um sonho meticulosamente caro.
Arranjos de flores brancas, velas suspensas, uma orquestra tocando um jazz suave.
Tudo tinha o toque da perfeição — e de Dante Emberlain.
Eu não deveria estar ali.
Mas a curiosidade é um tipo de veneno que às vezes a gente bebe de propósito.
Lara havia me convencido a acompanhá-la, e agora desfilava entre os convidados com Isabela ao lado, ambas sorrindo, falando com jornalistas, posando para fotos.
Era estranho vê-las juntas. Havia algo naquela sintonia que me incomodava, algo que eu não sabia explicar.
Talvez fosse ciúme. Talvez fosse pressentimento.
— Você está linda. — Miguel sussurrou perto do meu ouvido, entregando-me uma taça de champanhe.
— Obrigada. — respondi, sem realmente processar o elogio.
Meu olhar estava fixo em outro ponto do salão.
Dante conversava com alguns empresários perto do palco.
O terno preto, o cabelo impecavelmente alinhado, a expressão de quem carregava o peso do mundo — e gosta