59. O que b**e à porta

O ar noturno da mansão parecia mais frio do que o habitual.

Quando o carro parou diante do portão, eu já sentia a exaustão pesar nos ombros. Miguel, sempre gentil, insistiu em me acompanhar até a porta, e eu deixei — mais por cansaço do que por vontade.

— Tem certeza de que quer subir sozinha? — ele perguntou, o blazer pendendo do ombro.

— Tenho. — respondi, forçando um sorriso. — Preciso de um tempo... pra colocar as ideias no lugar.

Ele assentiu, respeitoso.

— Então, que seja um bom descanso, Ágatha.

E antes de se afastar, completou:

— Se eu não dissesse que você estava linda hoje, estaria mentindo.

Fiquei sem resposta. Apenas observei enquanto ele se afastava, até o carro desaparecer pela curva do jardim.

E foi só então que deixei o ar escapar.

Dentro da mansão, o silêncio me envolveu como um cobertor pesado.

As paredes altas, os corredores frios, tudo parecia ecoar o mesmo pensamento: ele estava lá.

Dante.

Com aquela mulher.

Subi as escadas descalça, os saltos na mão, tentando afa
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