56. Raiva sob a mesa
O salão estava iluminado demais. Lustres de cristal refletiam em cada taça de champanhe, e a música de fundo — um jazz suave — soava como se fosse feita para lembrar que eu não pertencia àquele lugar.
Ainda assim, lá estava eu. De vestido vermelho, salto alto e um sorriso ensaiado. Miguel caminhava ao meu lado com naturalidade, cumprimentando pessoas, trocando apertos de mão, como se tivesse nascido para aquele ambiente.
— Está tudo bem? — ele perguntou, inclinando-se levemente, a voz baixa, como se quisesse me proteger até do som ambiente.
— Sim. — menti. — Só não costumo frequentar esse tipo de evento.
Ele sorriu, como se entendesse, e ofereceu-me o braço. Aceitei, mais por educação do que por vontade.
Foi quando o vi.
No fundo do salão, junto a um grupo seleto de empresários, estava Dante Emberlain. O terno escuro moldava o corpo com perfeição, e a postura dele era a mesma de sempre: imponente, inacessível. Mas o que realmente me cortou o ar não foi apenas vê-lo ali, e s