36. Distrações

O vidro do prédio refletia a cidade adormecida, arranhando o céu com suas luzes frias. Eu estava no andar mais alto, mas não havia paz alguma naquela altura. A mesa de reuniões estava tomada por relatórios, telas acesas, contratos. Lorenzo falava, rápido, direto, mas as palavras dele batiam na minha mente como um tambor distante.

Vescari estava em movimento. Dois contratos estratégicos foram cortados, um fornecedor-chave já havia recebido proposta suja para abandonar nossos termos. Era exatamente o tipo de golpe rasteiro que ele aplicaria. E se eu não me antecipasse, perderíamos terreno.

— Dante, você está me ouvindo? — Lorenzo bateu os dedos sobre a mesa, tentando arrancar minha atenção. — Ele está testando limites. Precisamos reagir hoje, não amanhã.

Respirei fundo, ajustando a gravata, forçando o controle a tomar o lugar da raiva.

— Então vamos reagir. Prepare uma renegociação direta. Quero cláusulas mais duras, blindagem contra interferência extern
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