A chuva começara fina, quase imperceptível, quando Eleanor e Theo saíram do carro. O céu carregado tingia os campos de Yorkshire com um cinza silencioso, e o som das gotas contra o para-brisa parecia marcar o compasso daquilo que ainda não fora dito.
Desde a conversa com Celia, a casa dos Harwood parecia respirar diferente. Havia algo na atmosfera — mais denso, mais vivo. Como se as paredes agora estivessem conscientes de que seus segredos estavam à beira de ruir.
Eleanor apoiou o cotovelo na janela da sala, olhando o lago com os olhos perdidos em pensamentos.
— Você acha... — ela começou, sem virar-se — que Celia nos contou tudo?
Theo estava atrás dela, jogado de qualquer jeito no sofá, com uma xícara de chá de canela entre as mãos. Estava descalço, as meias molhadas largadas perto da lareira. Tinha se recusado a calçar outra coisa. “Sensação de liberdade rural”, dissera, arrancando um riso breve dela.
— Não. — ele respondeu, após um gole. — Mas acho que ela contou o que pôde. Ou o q