O arquivo histórico do vilarejo tinha cheiro de tempo parado. Umidade antiga, papel envelhecido, poeira nas frestas de madeira escura. Eleanor apertou o cachecol ao redor do pescoço ao atravessar o corredor estreito. Ao seu lado, Theo parecia mais calado que o habitual — os passos pesados, os olhos baixos.
Meredith Croft estava numa pequena sala ao fundo, sentada atrás de uma mesa abarrotada de jornais, pastas e caixas de papelão. O cabelo branco estava preso num coque firme, e os olhos, aguçados como navalhas.
— Senhorita Hartwood… — Ela sorriu de leve. — E você… é um Ravenscroft. Isso é inegável.
Theo assentiu com um movimento quase imperceptível.
— Sou Theo. Obrigado por nos receber.
— Sempre disse que certas histórias não gostam de ficar enterradas. Elas cutucam, incomodam. Uma hora, alguém resolve escutar. — Ela gesticulou para que se sentassem. — Imagino que vocês queiram saber sobre Amélia. E sobre o garoto.
— Meu irmão — Theo disse, a voz baixa. — Ele foi encontrado no lago, n