A estrada para Penhurst serpenteava entre colinas úmidas e bosques densos, como se os conduzisse não apenas a outra cidade, mas a outra camada da história. Eleanor olhava pela janela do carro antigo de Theo — um modelo escuro, robusto, que parecia tão fora do tempo quanto ele mesmo.
Nenhum dos dois falava muito. O caderno de Vivienne estava guardado no porta-luvas, envolto em um pano de linho como uma relíquia frágil. Mas o silêncio entre eles não era desconfortável. Era denso, cheio de pensamentos não ditos, e até isso parecia significativo.
— Está com frio? — Theo perguntou de repente, os olhos ainda na estrada.
— Um pouco. — Ela sorriu sem jeito. — Mas é um frio bom. Do tipo que mantém você acordada.
Ele assentiu.
— Penhurst não fica longe, mas o clima lá é outro. Mais velho, mais pesado, de certa forma. Como se tivesse mais fantasmas por metro quadrado.
— Parece o lugar perfeito pra um ex-detetive viver em reclusão, então.
Theo soltou um meio sorriso, mas seus olhos ficaram sérios