A febre de Lia foi embora tão repentina quanto veio.
Mas o cansaço… esse ficou.
Kai percebeu. Algo… havia mudado.
Ela andava mais quieta…
Os olhos demoravam mais tempo nas janelas…
Como se buscasse algo além da montanha… além da casa… além… dele.
Uma tarde, enquanto o sol começava a se pôr, ela estava sentada na varanda…
Com o caderno aberto no colo…
Mas o lápis… imóvel.
Os dedos tremiam levemente.
Kai se aproximou… da única maneira que sabia fazer:
Com palavras.
Com presença.
— Quer falar sobre isso? — ele perguntou… com a voz mais baixa que o habitual.
Lia respirou fundo.
Como se estivesse segurando aquele assunto dentro do peito… há tempo demais.
— Eu era pediatra… — começou ela, encarando o céu… como se o azul pudesse protegê-la da dor que estava prestes a desabar.
Os olhos… marejados. — Amava o que fazia… de verdade. Sempre sonhei em cuidar de crianças… salvar vidas.
Houve uma pausa.
Longa.
Densa.
Kai… esperou.
— Meu irmão gêmeo… Léo… — ela continuou, com a