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Capítulo - 9 Atitudes com Peso de Nuvem

Na manhã de terça-feira, a Zanobi Corporation acordou sob um manto de incertezas.

Na véspera, Umberto Zanobi havia simplesmente desaparecido. Saiu sem avisar para onde ia, sem indicar quando voltaria, sem deixar qualquer instrução. Sua ausência inesperada havia deixado a empresa em suspenso: reuniões foram adiadas, contratos aguardando assinatura se acumularam sobre a mesa de Carlota, e projetos estratégicos pararam no tempo.

Havia uma tensão difusa nos corredores. Funcionários cochichavam em grupos, trocando teorias apressadas, enquanto os mais antigos apenas balançavam a cabeça com expressões fechadas. A ausência de Umberto, sempre tão rígido com horários e compromissos, era um acontecimento por si só.

Mas, duas horas depois do expediente começar, tudo mudou.

Às 10h03 em ponto, Umberto Zanobi atravessou a porta principal da empresa. E não era o mesmo homem que havia saído no dia anterior.

Ele entrou com os ombros relaxados, o olhar leve e sereno, como se tivesse passado por um retiro espiritual em vez de uma simples ausência de 24 horas. Usava uma camisa clara, levemente amassada, e não estava de paletó, o que para ele, era quase um escândalo interno. Seus cabelos ainda estavam desalinhados, e o sorriso que surgia no canto dos lábios era tão raro que os funcionários pararam o que estavam fazendo apenas para observar.

Parecia… ensolarado.

Carlota, da sala administrativa, foi a primeira a notar o efeito imediato daquela chegada. O sussurro dos corredores cessou, os celulares foram abaixados, e uma onda de silêncio atravessou a empresa.

Ele caminhou direto para a recepção, olhou para a secretária e disse, em tom firme, mas gentil:

— Cancele todas as reuniões do dia! Nada de contratos, nem reuniões internas ou externas. Se alguma empresa ligar, diga que não atenderemos hoje. Quero que todos aproveitem para respirar. A empresa, hoje… descansa.

Nay arregalou os olhos, sem saber ao certo se havia entendido corretamente. Mas Umberto apenas sorriu, um sorriso de quem enxergava além das janelas espelhadas daquele prédio.

Logo após a entrada surpreendente de Umberto, uma movimentação incomum começou a tomar os corredores da Zanobi Corporation. Uma equipe de buffet apareceu na recepção e não era um café corporativo qualquer. Rapidamente, eles começaram a organizar bandejas com petiscos delicados e pratos quentes fumegantes sobre as mesas de reunião, agora transformadas em aparadores de festa. Taças tilintavam, vinhos eram dispostos com elegância, e coquetéis coloridos desfilavam pelas mãos dos garçons como se a sede da empresa tivesse sido, de repente, transportada para um salão de celebração.

Logo em seguida, uma pequena banda chegou. Sem cerimônias, posicionou-se discretamente perto do saguão principal e começou a tocar uma melodia suave, que misturava bossa nova com jazz instrumental. O som ecoava pelos andares, abraçando os funcionários ainda paralisados em seus lugares, tentando entender o que estava acontecendo.

E o que se seguiu foi ainda mais inesperado.

Instalaram pula-pulas no jardim interno, carrinhos de pipoca na entrada, máquinas de algodão doce ao lado dos elevadores. Próximo ao auditório, montaram uma área para karaokê com microfones coloridos e luzes que giravam como uma discoteca vintage. Parecia o cenário de um festival de verão, e não a sede de uma das empresas mais rigorosas do país.

E no centro de tudo isso, lá estava ele: Umberto Zanobi. Com o semblante sereno, observando toda aquela movimentação como se fosse absolutamente natural.

Os funcionários se entreolhavam, atônitos. Alguns riam, outros cochichavam. Carlota apenas cruzou os braços, observando-o com um misto de espanto e cautela. Nunca, em todos os seus anos de empresa, havia visto algo parecido.

Afinal, o que estava acontecendo?

Mas ninguém ousou perguntar. Porque, no fundo, todos sabiam: algo havia mudado.

Umberto estava diferente. Não apenas em sua aparência ou no tom de voz, mas no próprio espírito. Como se, ao deixar a empresa no dia anterior, tivesse ido buscar algo que havia perdido há muito tempo e agora retornasse trazendo de volta uma versão esquecida de si mesmo.

Ao decorrer das horas, os funcionários ainda tímidos diante daquela reviravolta tão inesperada começaram, pouco a pouco, a se soltar. Primeiro vieram os sorrisos contidos, depois os brindes discretos, até que os primeiros se arriscaram nos coquetéis frutados, nos petiscos bem montados e nas delícias quentes do cardápio especial. Logo estavam dançando entre os corredores, cantando no karaokê improvisado, brincando nos pula-pulas e até tirando selfies em frente ao carrinho de algodão doce. A Zanobi Corporation, conhecida por sua rigidez e formalidade, havia se transformado, por um dia, em um espaço de alegria espontânea.

Foi nesse clima festivo que Emilyke entrou pela porta principal, com a bolsa ainda pendurada no ombro e os passos apressados.

Ao cruzar a entrada, parou. Seus olhos percorreram o ambiente como se estivesse testemunhando um sonho estranho. Balões, risos, música ao vivo... e funcionários se esbaldando no meio do expediente? A impressão imediata foi de que a empresa havia virado de cabeça para baixo, ou melhor, havia se tornado algo que ela jamais imaginaria.

Antes que pudesse organizar os pensamentos ou articular qualquer julgamento, Umberto apareceu à sua frente.

Com um sorriso leve, sem dizer nada, puxou-a pela mão e a levou para dançar, ali mesmo, no meio da festa. Emilyke, desconcertada, tentou resistir, mas os passos dele eram decididos, e o olhar firme, porém gentil. A banda tocava uma melodia suave e dançante, e ele a conduzia com uma tranquilidade que destoava completamente da imagem do CEO implacável que todos conheciam.

No meio da dança, enquanto ela ainda tentava se situar, Umberto aproximou-se de seu ouvido e, num tom calmo e íntimo, fez o convite:

— Três dias fora daqui. Só nós dois. Um tempo para... deixar as coisas mais leves, mais nossas.

Emilyke arregalou os olhos, surpresa, como se não tivesse certeza se ouvira direito. Relutou, se afastou levemente, olhou em volta. O ambiente, a música, os risos, o cheiro de pipoca. Era como se tudo estivesse conspirando para que ela não dissesse não.

— Isso é uma brincadeira? — murmurou, tentando recuperar o controle.

Mas Umberto apenas sorriu, sem pressa.

E, embora a primeira resposta dela tenha sido negativa, algo na proposta, ou talvez no olhar dele, começou a vencer suas resistências.

E ao final daquela dança, ela já sabia que iria aceitar.

Contagiada pela nostalgia do ambiente e pelo calor inesperado daquele momento, Emilyke se deixou levar pela dança. Por um instante, esqueceu-se da formalidade, das estratégias, das reuniões. Permitiu-se apenas estar ali, envolta nos braços de Umberto, como se fossem dois jovens apaixonados, esquecidos do mundo ao redor.

Encostou a cabeça no ombro do noivo, permitindo-se um suspiro tranquilo, deslumbrada com a ideia dos três dias que passariam lado a lado. Talvez um resort luxuoso no caribe? Um hotel à beira-mar? Incluindo passeios maravilhosos de helicóptero, balões de ar quente, voo de paraquedas... A mente dela começou a imaginar possibilidades, enquanto a música embalava o compasso do coração.

— E... para onde nós vamos? — ela perguntou, com um sorriso curioso, levantando os olhos para encará-lo.

Mas Umberto apenas sorriu com mistério, os olhos semicerrados com leveza.

— Isso eu não vou contar — disse, baixinho, como se fosse confidência de criança. Mas posso garantir... será uma bela surpresa.

E assim, girando mais uma vez com ela no salão improvisado da Zanobi Corporation, ele selou o mistério com um beijo leve em sua têmpora, enquanto a banda tocava e os funcionários dançavam, riam, e se perguntavam se aquele era mesmo o chefe deles… ou se estavam sonhando.

A viagem foi planejada com sucesso. Tudo ocorreu com discrição e precisão, como Umberto desejava. Nenhuma informação vazou, nenhum detalhe foi compartilhado com a imprensa, nem mesmo os funcionários sabiam para onde o casal partiria.

Na manhã marcada para a partida, um comunicado interno foi enviado à equipe da Zanobi Corporation:

“Durante os próximos três dias, o CEO Umberto Zanobi e sua estimada noiva, Emilyke, estarão ausentes da sede. Toda a rotina da empresa continuará sob a supervisão de Victor e Carlota, com total confiança.”

A notícia correu pelos corredores da empresa com um misto de surpresa e curiosidade. Victor parecia satisfeito com a responsabilidade, já Carlota, como sempre, mantinha sua postura firme, mas sabia que os próximos dias exigiriam atenção redobrada, especialmente com a movimentação de projetos em andamento.

Como prometido, Umberto não deixou rastros sobre o destino da viagem. Nenhuma notificação de agenda, nenhum e-mail programado. Nem mesmo uma foto ou menção em redes sociais.

Tudo o que restou foram rumores e especulações. Alguns achavam que seria um resort luxuoso na costa. Outros juravam ter ouvido falar em uma ilha nas propriedades da família. Mas ninguém sabia ao certo. E isso, para Umberto, era o mais divertido.

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