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Capítulo 13 - Lembranças

Enquanto Vito falava, Umberto mal ouvia. Seus olhos haviam se perdido num ponto fixo da cafeteria, mas os pensamentos estavam distantes. E foi ali, no silêncio entre uma frase e outra, que ele se lembrou.

Como tudo começou.

O resort era luxuoso, rodeado por montanhas e jardins, a natureza se misturava com o requinte. Umberto havia ido a trabalho. Mais uma missão importante ao lado de Vito, para fechar um contrato milionário com uma empresa do setor farmacêutico. O lugar era agradável, mas para ele, até então, era apenas cenário de negociação.

Até que o seu o seu olhar foi capturado por uma figura feminina que parecia ser pintada por um exímio artista. Era ela.

Emilyke.

Ele a viu pela primeira vez à beira da piscina, com um vestido leve que esvoaçava com a brisa da tarde. Os cabelos loiros, longos, dançavam no ritmo do vento. A postura elegante, o caminhar confiante... Era como assistir a um desfile, um que ele jamais esqueceria.

E, por um capricho do destino, ela já era amiga de Vito.

— Ah, essa aqui você precisa conhecer — dissera o amigo, animado. — Emilyke, esse é Umberto Zanobi. CEO da Zanobi Corporation. Um homem importante... e insuportável — completou em tom de brincadeira.

Ela riu. E o som daquela risada ficou gravado nele como uma música rara.

— É um prazer, Sr. Zanobi — disse ela, estendendo a mão com leveza.

— O prazer é todo meu, Emilyke — respondeu ele, tentando disfarçar o impacto que aquela presença causava.

Foi assim. Tão simples, tão inesperado.

Dois mundos encontrando no meio de uma viagem de negócios. Entre cafés ao entardecer e jantares discretos no restaurante do resort, a conexão cresceu. Ela era inteligente, sagaz, de opinião forte, mas com um jeito doce de observar o mundo. Ele, acostumado a controlar tudo, se viu cativado por alguém que não precisava de nada dele.

De volta à cafeteria, Umberto piscou, como se o tempo tivesse dado uma volta completa.

— Cara — murmurou Vito, estalando os dedos. — Terra chamando Umberto... você congelou aí. Em que mundo estava?

Umberto sorriu de lado, ainda imerso na lembrança.

— No melhor deles. No momento em que conheci a mulher da minha vida.

Vito riu engolindo grande gole de café.

— E então, Humberto, enquanto você estava fora, eu fiz algo muito importante para nós — começou Vito, inflando o peito com orgulho. — Para o nosso crescimento, conhecimento, expansão como empresa e para alcançarmos o apogeu, na verdade!

Umberto, ainda com o copo de café na mão e as pálpebras pesadas, apenas arqueou uma sobrancelha, esperando pela revelação.

— Quando você adquiriu aquela propriedade... — Vito continuou gesticulando com entusiasmo — eu percebi algo. Aquilo ali é ouro puro! Um espaço fértil, generoso, isolado... ideal para gerar uma renda extra!

Umberto assentiu lentamente, confuso, tentando acompanhar.

— E aí me veio a ideia! — exclamou, como se estivesse anunciando a chegada de um novo império. — Nós podemos plantar milho naquele lugar!

— ...milho? — repetiu Umberto, sem expressão.

— Sim! Milho, meu caro! Já mandei máquinas pra lá, pessoal de confiança! Estão arando o terreno neste exato momento. Já visualizei: “Zanobi Agro”, com embalagens ecológicas, selos de qualidade, uma linha exclusiva de pipoca gourmet... É a diversificação que faltava!

Foi nesse instante que Umberto congelou.

Literalmente.

Vito ainda falava sobre espigas e safras, mas Umberto não ouvia mais nada. Em sua mente, um único pensamento repetia em eco:

"A propriedade da fazenda. A fazenda da Constantine. Ele... mandou máquinas. Arar o terreno."

O silêncio foi rompido apenas pelo som sutil do café respingando ao escorregar pela borda da xícara que agora tremia levemente na mão dele.

— Você... mandou máquinas... para a minha fazenda? — Umberto perguntou, com a voz baixa, rouca, como um trovão se preparando.

Vito, sem perceber o clima que se formava, apenas sorriu e respondeu:

— Exatamente! Fui adiantando as coisas. A vizinhança de lá vai amar!

— Vito... — Umberto colocou a xícara sobre a mesa com extremo cuidado, os olhos agora intensos, cheios de uma fúria contida. — Você... tem ideia do que fez?

— Fiz história, meu amigo! — respondeu Vito, animado. — A fazenda agora é um campo de oportunidades!

— A FAZENDA ESTÁ OCUPADA, VITO! — explodiu Umberto, levantando-se de súbito e batendo as mãos na mesa, fazendo o café estremecer. — Aquela terra não é para arar...por enquanto! A Carlota sabe da decisão?!—Você não pode tomar decisões sozinho!

O silêncio na cafeteria foi instantâneo. Olhares curiosos se voltaram para a dupla. Vito arregalou os olhos, enfim entendendo.

— Espera... aquela moça... a garota da charrete... ela ainda está lá?

— SIM! — grunhiu Umberto.

— Mas... a terra é sua! Eles são oportunistas. Agora não tem alternativa, ou sai por bem...ou sai por mal!

Umberto passou a mão pelo rosto, frustrado.

— Chama Carlota urgente! Reunião de emergência.

Ele se afastou, andando em zig zag, tentando controlar as emoções pois agora a cabeça doía novamente.

— Eu tenho que consertar isso. Pensou. Ou melhor — olhou para Vito, fuzilando o amigo— Ele tem que consertar. Fechando a porta do escritório atrás de si.

Vito tentou disfarçar o nervosismo com um sorriso sem graça. — Mandei arar o terreno, Umberto! Pensei que fosse uma boa ideia. Renda extra, entende?

— Boa ideia! Você tomou uma decisão dessas sem me consultar!

Poucos minutos depois, Carlota entrou apressada, segurando uma prancheta. Ao ver o estado de Umberto, entendeu que algo grave havia acontecido.

— O que foi agora? — perguntou, com o tom calmo de quem já conhecia os temperamentos ali dentro.

Umberto explicou a situação em detalhes, cada palavra saindo com esforço, e concluiu com um olhar indignado para Vito.

Carlota suspirou. — Eu já havia cancelado essa autorização. Sabia que não era algo para ser decidido assim, às pressas. Nenhuma movimentação na fazenda deveria acontecer sem o seu aval, senhor Zanobi. Vito, espero que você não leve para o lado pessoal pois todas as partes precisam ser envolvidas.

Umberto recostou-se na cadeira, passando a mão no rosto que ardia a cada toque. — Ainda bem... — murmurou, aliviado e cansado. — Ainda bem que alguém mantém o equilíbrio nesta empresa.

Carlota trocou um olhar rápido com Vito e, em seguida, voltou-se para o patrão. — Acho que o senhor deveria ir até lá verificar pessoalmente. Essas decisões... às vezes escapam do controle.

Umberto assentiu, ainda contrariado. — Sim. Irei amanhã mesmo. — E você irá comigo. —Disse apontando para Vito.

—Interessante! Vocês me dizem que tenho liberdade de tomar decisões. E agora estão me tratando pior que a um estagiário. — Disse arqueando um pouco as mãos em sinal de incompreensão.

—Sim! Você tem, mas não nesse nível.

—Bom... O dia foi um pouco exaustivo, sugiro terminar as assinaturas, organizar as mesas e depois irmos para casa. Disse Carlota em um tom brando.

— Pois eu...já estou indo. Se vocês não sabem, eu sou competente com os meus afazeres. — Se levantando e indo em direção a porta.

Após o expediente Umberto seguiu para a sua casa. Recebeu a visita do médico e foi devidamente medicado, assim a agonia que estava sentindo deu uma trégua.

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