Início / Romance / A bela do CEO / Capítulo 17 - O Elo
Capítulo 17 - O Elo

Pouco tempo depois, Tommaso entrou no quarto trazendo consigo um urso de pelúcia, recém-comprado em uma barraquinha próxima à mansão.

Os olhos de Constantine brilharam ao vê-lo.

— Olha o que o seu tio, esse velho babão, trouxe pra você — disse ele, emocionado, aproximando-se e beijando-lhe a testa.

Constantine sorriu, apertando o brinquedo contra o peito.

— Meu tio... ver você já é o meu presente.

Tommaso sorriu de volta, tentando esconder a voz embargada.

— O doutor vai vir ver você depois do almoço. É bom te ver assim, mais forte, minha menina.

Ela assentiu, e por um instante, ambos ficaram em silêncio.

Tommaso permaneceu sentado na poltrona ao lado da cama, conversando alegremente com Constantine. A serenidade daquele momento foi interrompida por uma leve batida na porta — que já estava entreaberta, como se o som fosse apenas um pedido de licença.

Umberto surgiu acompanhado do médico.

— O doutor se adiantou — anunciou ele, com a voz calma. — E Gostaria de conversar com você em particular, Constantine, para entender melhor o que está sentindo.

Tommaso assentiu e, antes de sair, acariciou o ombro da sobrinha. Logo, o quarto ficou em silêncio, apenas o som suave do relógio marcava o tempo.

O médico colocou os instrumentos sobre a mesinha ao lado da cama, puxou a poltrona e sentou-se diante dela.

— E então, minha querida, o que você tem sentido? — perguntou com gentileza.

Constantine respondeu com um tom mais firme, quase sorrindo:

— Estou bem, doutor. Graças ao senhor.

Ele a observou com atenção.

— Fizemos alguns exames, e aparentemente está tudo normal. Mas... — fez uma pausa breve — é possível que o seu mal-estar tenha origem emocional. Não posso afirmar ainda, mas é uma hipótese. Por isso quero que se sinta à vontade comigo. Me conte um pouco sobre o que tem vivido, o que te preocupa.

Ela desviou o olhar para a janela entreaberta e, após um silêncio, respondeu apenas:

— Está tudo bem. Talvez tenha sido só uma virose..., mas eu já estou melhor.

O médico assentiu, compreendendo que seria inútil insistir naquele momento.

— Muito bem. Ainda assim, quero que permaneça aqui por mais alguns dias. Caminhe um pouco pelos jardins, leia, respire. Eu a observarei de perto.

Antes de se levantar, disse com doçura:

— Quero que me veja como um amigo, Constantine. Pode confiar em mim.

Ela respondeu apenas com um leve aceno de cabeça e um sorriso discreto, sem dizer mais nada.

Após a saída do médico, Constantine permaneceu ali, olhando pela janela. O vento movia lentamente as cortinas brancas, e tudo ao redor parecia distante, o som, a luz, o tempo.

Ela mergulhou em pensamentos profundos, até que ouviu passos firmes se aproximando pelo corredor.

Quando virou o rosto, Umberto já estava dentro do quarto. Ele caminhou até a poltrona ao lado da cama e se sentou, com os ombros largos relaxando no encosto.

— Como está se sentindo? — perguntou, com a voz mais suave do que de costume. — Consegue me dizer o que provocou essa febre?

Constantine sorriu de leve.

— Nem eu sei... só me lembro de me sentir muito cansada.

Ele gesticulou a cabeça em sinal de compreensão, em silêncio, e então continuou desajeitado:

— Falta alguma coisa aqui?... Travesseiros, cobertas? Está confortável?

— Está tudo bem — respondeu ela, com gentileza. — Obrigada por ter me trazido, e por tudo o que fez.

Umberto desviou o olhar, um pouco.

— O que o doutor disse? — perguntou, quebrando o silêncio. — Boas notícias, eu acredito.

Constantine esboçou um leve sorriso, abaixou a cabeça e respondeu:

— Ele disse que pode ser algo emocional.

Umberto arqueou uma sobrancelha e ficou quieto por alguns segundos, observando o chão.

— E o que você sente, emocionalmente? — perguntou enfim.

Ela respirou fundo antes de responder:

— Eu não estou pronta pra falar sobre isso agora.

Ele concordou inclinando a cabeça devagar, com um meio sorriso.

— Tudo bem. Eu também não costumo falar dos meus sentimentos. As pessoas olham pra mim e veem o homem personalidade forte, um chefe durão..., mas, por dentro, às vezes, eu só sou alguém com medo.

Umberto quebrou o silêncio:

— E então... você gostou do colar? — perguntou, lançando um olhar discreto em direção à cômoda. — Não o vi usando.

Constantine corou levemente e respondeu em tom calmo:

— Gostei muito. É lindo, de verdade... mas acho que agora não é o momento certo para usá-lo.

Ele desviou o olhar para a caixinha sobre a cômoda, levantou-se sem dizer nada e foi até lá. Pegou o pequeno estojo com cuidado e voltou a se sentar diante dela. Abriu a caixa devagar, revelando o colar que cintilava sob a luz que entrava pela janela.

— Eu acredito que o melhor momento para usar — disse ele, prendendo o olhar no dela — é agora.

Segurou o pingente entre os dedos e completou, com voz baixa:

— Aqui dentro, há mais do que um presente. Há boas energias, para que você recupere sua saúde o mais rápido possível.

Constantine hesitou por um instante, mas então levou as mãos aos cabelos, erguendo-os lentamente, revelando o pescoço.

Umberto se inclinou e, com um gesto cuidadoso, prendeu o colar ao redor dela.

Nesse momento, Ludovica entrou no quarto com uma bandeja nas mãos, trazendo o almoço de Constantine. Ao cruzar a porta, seus olhos logo notaram Umberto sentado ao lado da cama e Constantine com um colar novo no pescoço, as bochechas levemente coradas.

Percebendo a presença de Ludovica, Umberto levantou-se com discrição.

— Bom, já estou de saída. Está no meu horário de ir para a empresa. Desejo-lhe um bom almoço, Constantine. Senhora Ludovica, boa tarde. — disse ele, com um leve aceno, antes de se retirar.

Ludovica o acompanhou com o olhar até a porta, notando algo que ela não soube definir. Um leve sorriso surgiu em seus lábios, mas logo foi substituído por um traço de preocupação. Ainda assim, dissipou aquele pressentimento e se aproximou da filha.

— Trouxe seu almoço, minha querida — disse, pousando a bandeja sobre a mesinha ao lado. — Você precisa ficar mais forte para voltarmos logo para casa.

Constantine retribuiu o sorriso e começou a comer sob o olhar atencioso da mãe. Conversaram por alguns minutos, e ela contou tudo o que o médico dissera, garantindo:

— Mais tarde, vou falar com o tio também sobre o que o doutor me disse.

Naquela tarde, enquanto Umberto chegava à empresa, Emilyke se aventurava em um passeio pela mansão. Percorreu os corredores amplos, admirando cada detalhe do lugar. O jardim chamou especialmente sua atenção: era um espetáculo de cores e perfumes, com flores que se abriam sob o toque suave do sol.

Entre tantos cômodos, um espaço em particular lhe despertou curiosidade — a biblioteca, ou melhor, o escritório de Umberto. O ambiente guardava um ar de sobriedade e história. Nas prateleiras, livros cuidadosamente alinhados; sobre a mesa, miniaturas e objetos antigos — um relógio de bolso, talvez herdado de alguém próximo, repousava ao lado de uma caneta de metal. Constantine passou os dedos sobre as peças com um misto curiosidade, imaginando o homem por trás daquela ordem impecável, tão severo, e, ainda assim, ligado ao passado.

Enquanto isso, na Zanobi Corporation, Umberto mergulhava em reuniões e documentos. Entre uma assinatura e outra, Vito apareceu na porta, trazendo seu habitual ar descontraído.

— E então? — disse ele, apoiando-se na moldura. — Como anda a moça da fazenda?

Umberto ergueu o olhar brevemente, sem demonstrar emoção.

— Ela está na cidade. Veio para tratamento — respondeu com calma. — Acredito que já esteja melhor.

Vito arqueou uma sobrancelha, observando o amigo em silêncio por um instante, como se avaliasse algo nas entrelinhas. O que ele imaginava, preferia não confirmar.

Vito o observou por alguns segundos, um sorriso enviesado surgindo no canto dos lábios.

— Você anda bem informado a respeito daquela moça da fazenda, não é? — provocou, com um tom que misturava ironia e curiosidade.

Umberto, sem erguer totalmente o olhar, continuou assinando os papéis sobre a mesa.

— Apenas o necessário — respondeu, seco, como quem tenta encerrar o assunto antes mesmo de começar.

Mas Vito deu alguns passos pelo escritório, fingindo observar um quadro na parede.

— Engraçado... — disse ele, voltando-se para o amigo. — Desde quando você se importa o suficiente para saber se essa gente está melhor ou não?

Umberto parou por um instante, a caneta ainda entre os dedos. O silêncio que se formou pareceu pesar no ar. Por fim, ele apenas suspirou e disse:

— Talvez eu só esteja tentando fazer o que é certo.

Vito soltou uma risada baixa, descrente.

— Ou talvez o que é inevitável — comentou, antes de seguir até a porta. — Cuidado, Berto... certas pessoas entram na vida da gente sem pedir licença e causam estrago irreversível.

Umberto o acompanhou com o olhar até ele desaparecer pelo corredor. Depois, apoiou-se na mesa e fitou a janela, o pensamento distante e, pela primeira vez em muito tempo, o trabalho já não parecia o suficiente para distraí-lo.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
capítulo anteriorpróximo capítulo
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App