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Capítulo 16 - Entre o dever e o sentir

Constantine despertou lentamente, ainda sob o peso do cansaço, e estranhou o ambiente à sua volta.

Piscou algumas vezes, tentando compreender onde estava. A cama era ampla, macia, envolta por cobertores aconchegantes que exalavam um leve perfume de lavanda. Nada ali lhe parecia familiar.

Ao lado, um suporte de soro sustentava o fio transparente que descia até o seu braço. A luz suave que entrava pela grande janela, que ia do chão ao teto, banhava parte do quarto com um brilho dourado. As cortinas brancas, volumosas, tremulavam levemente com a brisa da manhã.

Através da fresta entreaberta, podia ver uma sacada adornada por um balaústre de pequenas colunas de pedra clara.

Perto da cabeceira, repousava uma poltrona imponente, estofada em tecido escuro e reluzente. No chão, um tapete espesso exibia desenhos detalhados que lembravam arabescos. E na parede principal, um quadro de grandes proporções dominava o espaço, a pintura de um castelo majestoso sob um céu em tons de cobre e azul.

“Onde estou? Cadê todo mundo?” — pensou, enquanto seus olhos ainda buscavam reconhecer o lugar. O silêncio do quarto era quebrado apenas pelo leve zumbido do ar e pelo som distante da cidade.

Após alguns segundos, ela ouviu passos lentos e arrastados se aproximando pelo corredor. O coração acelerou, dividido entre o medo e a curiosidade.

A maçaneta girou, e a porta se abriu com um leve rangido. Um feixe de luz atravessou o quarto e, por fim, um rosto conhecido surgiu.

Era Ludovica.

Ao vê-la desperta, a mulher ergueu os braços, tomada pela emoção, e exclamou com a voz embargada:

— Graças ao céu! Você está bem, minha menina!

Os olhos de Ludovica se encheram de lágrimas, e ela se aproximou apressada, apertando as mãos de Constantine com ternura e alívio.

Constantine, ainda com a voz fraca, abriu os braços e murmurou:

— Eu preciso de um abraço… agora.

Ludovica, com o rosto iluminado pelo alívio, se inclinou e a envolveu ternamente. Por alguns instantes, ficaram assim, o reencontro entre a curiosidade e o conforto.

Quando se afastou, Constantine piscou algumas vezes, tentando se situar. Olhou em volta com os olhos arregalados e disparou, em tom baixo como se estivesse com medo de descobrirem:

— Como eu vim parar aqui? Que lugar é esse?

Ludovica mal teve tempo de responder, quando ela completou em tom de brincadeira, arqueando uma sobrancelha:

— E o que você está fazendo aqui?

O sorriso breve que se formou nos lábios de Constantine trouxe de volta um pouco da vivacidade que a febre havia apagado.

Ludovica sorriu, sentando-se à beira da cama, e respondeu com suavidade:

— Não é só eu e você que veio, minha querida.

Ajeitou uma mecha do cabelo de Constantine atrás da orelha e completou:

— Tommaso está lá embaixo, podando umas rosas. Disse que precisava se distrair um pouco… e que as rosas daqui merecem o mesmo cuidado das da fazenda.

Constantine arqueou as sobrancelhas, surpresa.

— Vocês trouxeram até ele?

— Foi ideia do senhor Zanobi, explicou Ludovica. Ele insistiu que ficássemos aqui até você melhorar. Disse que a casa é grande demais e que ele vive a maioria do tempo na empresa, não iria atrapalhar; além de ser sozinho.

Constantine piscou algumas vezes, confusa.

— Quem é nosso anfitrião? — perguntou, ajeitando-se na cama e franzindo o cenho.

Ludovica hesitou por um instante, os lábios tremendo entre o sorriso e a apreensão.

— Um homem… de poucas palavras, respondeu enfim. Mas parece ter um bom coração, mesmo que o esconda muito bem.

— Umberto?... — Repetiu Constantine, a voz embargada pela incredulidade. — Não pode ser. Meu Deus…

Ela levou as mãos à cabeça, tentando organizar os pensamentos. — Precisamos ir para casa o mais rápido possível. Mas... quando a gente veio para a cidade? Eu não consigo me lembrar de nada.

Ludovica segurou a mão dela com delicadeza, o olhar marejado.

— Você estava muito doente, filha. Ele foi lá e buscou você.

Por um instante, a lembrança do corpo fraco de Constantine nos braços de Umberto cruzou a mente de Ludovica, e sua voz embargou.

— Ele te salvou, minha menina. Sou extremamente grata a ele por isso.

Constantine a olhou em silêncio, tentando processar aquelas palavras.

Ludovica completou, enxugando as lágrimas com um lenço:

— Nós viemos ontem pela manhã. O médico disse que era melhor você ficar em repouso... e o senhor Zanobi fez questão de cuidar de tudo.

— Vou buscar algo para você, não comeu nada há dois dias. — disse Ludovica, afagando-lhe o braço antes de se levantar.

Saiu devagar, fechando a porta atrás de si.

Constantine repousou a cabeça nos travesseiros macios e esperou, ainda sonolenta. Alguns minutos depois, ouviu a maçaneta girar. Sem abrir os olhos, lançou vários beijinhos no ar, sorrindo:

— Tia, você é um anjo...

Mas, ao abrir os olhos, congelou.

Quem estava diante dela, equilibrando uma bandeja de café da manhã, era o Sr. Zanobi.

O constrangimento a fez corar imediatamente.

— Me desculpe... pensei que fosse minha tia. Ela havia acabado de sair.

Umberto pigarreou, visivelmente desconcertado.

— É... eu sei. — disse, evitando o olhar dela. — Eu... trouxe café... vou deixá-la descansar.

Depositou a bandeja sobre a cama com cuidado e deu um passo para trás, pronto para sair.

— É... obrigada— murmurou Constantine, ainda sem saber onde pôr as mãos.

Ele apenas assentiu, recuando para a porta.

Antes de sair, Umberto fez uma breve pausa, como se fosse dizer algo, mas desistiu. Limitou-se a respirar fundo e prosseguiu, fechando a porta com delicadeza.

Poucos minutos depois, bateram levemente à porta.

Constantine se virou, esperando ver Ludovica novamente, mas, para sua surpresa, era ele outra vez.

Umberto entrou com passos contidos, trazendo nas mãos uma pequena caixa de presente envolta em fita dourada. O gesto inesperado fez o coração dela acelerar.

— Eu... achei que isso pudesse animá-la um pouco, — disse, com a voz firme, mas o olhar hesitante.

Constantine arqueou as sobrancelhas, surpresa. — Não precisava, Sr. Zanobi.

Ele se aproximou da cama e colocou a caixinha sobre a bandeja de café. — Considere apenas um símbolo de recuperação.

Curiosa, ela puxou a fita devagar e abriu a tampa. Lá dentro, repousava um colar delicado, com um pequeno pingente de prata em forma de gota. Brilhava suavemente sob a luz que entrava pela janela.

— É lindo... — murmurou, quase sem voz. — Mas por que está me dando isso?

Umberto manteve o olhar fixo na janela por um instante antes de responder:

— Porque há coisas que não precisam de um motivo... e talvez você precise de algo bonito agora.

Constantine sentiu o rosto aquecer. As palavras dele pareciam carregar algo que ia além da gentileza.

— Obrigada, — disse, segurando o colar com delicadeza.

Ele apenas acenou com a cabeça e virou-se para sair.

Antes de fechar a porta, hesitou por um instante e, sem olhar para trás, murmurou:

— Descanse, Constantine.

Quando a porta se fechou, o silêncio voltou a dominar o quarto, mas o brilho do colar em suas mãos parecia manter Umberto ali, de alguma forma.

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