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Capítulo 14 - Despertar singelo

No dia seguinte, Umberto arrumou alguns itens essenciais para levar consigo durante a viagem. Desceu as escadas que davam acesso à sala principal da mansão, e o som firme de seus passos ecoou pelo mármore frio. Seguiu até a cozinha, onde passou um café rápido. Preparou um sanduíche e fez o desjejum em pé mesmo.

Em seguida, pegou uma garrafa de água, aquela que sempre reservava para as trilhas, pegou a jaqueta e saiu pela porta lateral, indo direto para a garagem. Escolheu o transporte mais individual: sua moto BMW R 1250 GS Adventure, deslizou a mão sobre o tanque frio, virou a chave e acendeu os faróis. O ronco do motor rompeu o silêncio da manhã, ecoando pela vizinhança que acordava lenta.

Minutos depois, ao chegar à casa de Vito, estacionou em frente, porém do outro lado da rua e esperou. Ligou uma, duas, três vezes… na décima tentativa, ainda sem resposta. Umberto suspirou impaciente, desceu da moto e foi até a campainha. Apertou o botão insistentemente com o dedo pressionado ali por alguns segundos, fazendo o som soar alto e contínuo, até que algumas janelas começaram a se iluminar.

Vito apareceu na sacada ainda de pijamas, com a escova de dentes pendendo da boca e o olhar sonolento. Fez um sinal apressado com a mão, pedindo que Umberto esperasse um pouco mais.

Meia hora depois, ele finalmente surgiu, agora vestido com roupas esportivas, os cabelos úmidos e uma mochila jogada sobre um ombro. Aproximou-se com um sorriso maroto e perguntou:

— Você trouxe capacete extra?

Umberto, que já estava sem paciência, levantou o visor do próprio capacete e respondeu em tom seco:

— Quem te disse que você vai ser meu carona?

O sorriso de Vito se desfez por um instante, ao ouvir a resposta de Umberto, Vito revirou os olhos e retornou para a garagem.

Antes de saírem, Umberto notou um belo carro branco estacionado em frente ao prédio de Vito. O sol da manhã refletia na lataria impecável, e ele, impressionado, apontou para o veículo com um leve sorriso.

— Eu não errei ao presentear minha noiva com um modelo desse... é belíssimo — comentou, admirando cada detalhe do carro.

Vito, por sua vez, permaneceu imóvel, o olhar fixo na máquina, o semblante rígido. Parecia surpreso.

Umberto arqueou uma sobrancelha, intrigado, e quebrou o silêncio:

— O que foi? Viu um fantasma?

Vito apenas respondeu com um sinal negativo, desviando o olhar rapidamente, como se quisesse encerrar o assunto ali. Umberto o observou por um instante, sem entender aquela reação estranha, mas decidiu não insistir.

— Então vamos logo, antes que o sol esquente demais — disse, ajustando o capacete e ligando a moto.

Vito fez o mesmo, ainda com a expressão distante. As duas motos rugiram quase ao mesmo tempo, cortando o silêncio da rua tranquila. O vento da manhã os acompanhava enquanto deixavam para trás a cidade que despertava devagar, seguindo em direção à fazenda, cada um imerso em seus próprios pensamentos.

Ao chegarem à fazenda, o barulho das motos rompeu o sossego da manhã, sendo uma surpresa instantânea e comemorada. Ludovica, que estava preparando a mesa para o café da manhã arregalou os olhos sendo pega de surpresa. Enquanto Tommaso, que vinha do estábulo com um balde de leite fresco, abriu a parteira com ar de muita felicidade como quem recebia a visita de um parente que mora distante.

— Seu Roberto, que bom ter ver de novo, meu rapaz. Vem cá deixa eu te dar um abraço. Ludovica, temos visitas! — Exclamou indo em direção a varanda da casa.

— Mas vejam só quem apareceu! — exclamou Ludovica, abrindo um largo sorriso. — Seu Roberto! Que surpresa boa!

Tommaso enxugou o suor da testa com o lenço e completou:

— E trouxe companhia! Seja bem-vindo também, rapaz!

Umberto retirou o capacete, revelando o rosto parcialmente avermelhado pelo sol e um semblante mais leve que o habitual. Vito fez o mesmo, acenando com simpatia.

— Espero que não estejamos atrapalhando — disse Umberto, com um tom respeitoso.

— De forma alguma! — respondeu Ludovica, animada. — A casa de fazenda é simples, mas o coração é grande. Entre, vocês precisam de um bom café! — O senhor foi picado por algum inseto e teve reação alérgica?

—Ah, não...não. Só fiquei muito tempo exposto ao sol.

—Pois eu tenho um emplastro feito com ervas e azeite de oliva natural, vou buscar para o senhor. Disse indo em direção ao quarto. — Olha, aqui está. Abriu a vasilha de cerâmica, pegou uma pequena quantidade com o dedo. — Licença! Passando o produto verde na testa e bochechas de Umberto. — Vai melhorar rapidinho. Agora vem tomar café.

O aroma de pão recém assado se espalhava no ar, misturado ao som distante do riacho e ao cacarejar das galinhas. Vito respirou fundo, encantado com o ambiente.

— Não sabia que ele estava tão familiarizado com essa gente — murmurou consigo.

Umberto, que até então mantinha a postura tranquila, começou a demonstrar certa inquietação. O olhar, antes firme, desviava-se constantemente para a porte da sala, como se algo o incomodasse sem que ele soubesse dizer o que, ou esperasse a chegada de alguém.

— Vou dar uma volta pelo terreno — disse, de súbito, tirando as luvas e lançando um olhar a Vito. — Preciso esticar as pernas.

— Claro, eu vou contigo — respondeu o amigo, já o acompanhando pelo caminho de terra batida.

O vento soprava suave, carregando o cheiro de mato e das rosas que Ludovica cultivava no quintal. A paisagem ao redor era serena, mas Umberto parecia alheio à beleza do lugar, perdido em pensamentos.

De repente, uma voz infantil os chamou:

— Senhor Umberto!

Era Pi, o garoto ajudante da fazenda, que vinha correndo descalço, com as calças arregaçadas até os joelhos e o rosto suado.

— Ué… o senhor veio por causa da Constantine? — perguntou curioso, parando diante deles e tentando recuperar o fôlego.

Umberto franziu levemente o cenho. — Não, garoto. Só estou passeando, aproveitando o ar do campo. Por quê?

Pi abaixou o olhar e respondeu num tom mais sério:

— É que… ela tá doente faz dias.

Vito o encarou, surpreso. — Doente?

O menino assentiu, chutando uma pedrinha no chão. — É… pegou uma febre forte. A dona Ludovica diz que é só cansaço, mas… eu nunca a vi tão quieta assim.

Umberto ficou imóvel por um instante. O vento pareceu cessar, e o som distante do riacho se tornou quase inaudível. Sua expressão endureceu, mas no fundo dos olhos algo diferente cintilava — uma mistura de preocupação e negação.

— Entendo… — murmurou, tentando disfarçar o impacto da notícia.

Instantaneamente, Umberto sentiu o corpo reagir antes mesmo que a mente processasse o impulso. O desejo de retornar à casa de Ludovica e verificar o estado de Constantine o atingiu como uma corrente elétrica. A simples ideia de que ela pudesse estar doente — vulnerável — lhe causava um incômodo difícil de explicar.

Deu meio passo para trás, o olhar fixo na direção da casa, mas a voz de Vito o arrancou desse transe:

— Vamos continuar, Zanobi. Ainda não vimos o resto do terreno — disse o amigo, distraído, chutando uma folha seca.

Umberto hesitou. Os dedos se fecharam em punho, e ele desviou o olhar, tentando esconder a urgência que o dominava.

— Depois podemos ver o resto — murmurou, mais para si do que para o outro.

Mas Vito, alheio à inquietação do amigo, continuou andando e falando animadamente sobre as plantações, os cavalos, o clima e qualquer assunto trivial que o mantivesse em movimento.

— Anda logo, Umberto. — Vito virou-se e sorriu. — Não me diga que ficou com as pernas doloridas apenas com esses poucos passos no campo. — Teremos o dia todo pela frente.

Umberto respirou fundo, reprimindo a vontade de ignorá-lo e simplesmente retornar. O maxilar travado denunciava a tensão que crescia a cada segundo.

— Dolorido? — respondeu, com um meio sorriso forçado. — Nem tanto.

E, mesmo contrariado, acompanhou Vito, embora o pensamento permanecesse preso à imagem de Constantine e à febre que agora o atormentava mais do que gostaria de admitir.

Quando chegaram ao ponto final do passeio, Vito quebrou o silêncio com a preocupação de sempre:

— Será que essa história de doença não é só um pretexto pra ela não sair da fazenda?

Umberto o encarou por um instante. Depois desviou o olhar para o horizonte, onde o sol já começava a tingir o céu de dourado. Soltou um suspiro lento, quase cansado.

— Creio que não — respondeu, em tom baixo, mas firme. — Vamos voltar. A tarde já está caindo.

Quando chegaram à casa, os dois se assentaram na varanda para repousar um pouco. O sol já se escondia atrás das colinas, lançando um brilho avermelhado sobre as janelas antigas.

Pouco depois, Umberto se levantou e chamou Ludovica e Tommaso para uma conversa reservada. Foram para um canto da sala, onde as vozes se tornaram murmúrios abafados.

Vito permaneceu do lado de fora, observando em silêncio. De onde estava, não conseguia ouvir as palavras, mas via os rostos, as expressões entristecidas de Ludovica, o olhar baixo de Tommaso e a rigidez do semblante de Umberto.

O retorno foi silencioso e com uma vista de tirar o fôlego do por só alanrajado.

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