A Tentação do pecado

Ele estendeu a mão, indicando uma das cabines VIP no canto da pista, mais reservadas, com sofás de veludo e cortinas pesadas que abafavam o som. Ayla hesitou por um segundo, mas seguiu. Algo naquele homem a puxava como um ímã. Era loucura. Ela nunca fazia isso.

Felipe fez sinal para o garçom, que trouxe imediatamente uma bandeja com toalhas de pano e lenços umedecidos. Ninguém questionava ordens dele ali — era a boate da família, afinal.

Ayla pegou um lenço, ainda envergonhada.

— Deixa que eu tento amenizar o estrago.

Ela se aproximou, o corpo quase tocando o dele, e começou a pressionar o tecido molhado na camisa. As mãos tremiam levemente. O cheiro dele invadia cada respiração dela. Felipe ficou imóvel, observando-a. O cabelo dela caía como uma cascata escura, a pele clara contrastando com o vestido preto. Ela era linda de um jeito natural, sem esforço.

Quando os dedos dela roçaram o peito dele por cima da camisa úmida, Felipe segurou sua mão. Devagar. Firme. Os dedos dele envolveram o pulso dela, e ali estava de novo: um choque elétrico que subiu pelo braço dos dois ao mesmo tempo. Ayla ergueu os olhos, assustada. Felipe sentiu o pulso dela acelerar sob seus dedos.

— Calma — murmurou ele, sem soltar. — Não precisa consertar tudo agora.

Eles ficaram assim por segundos que pareceram minutos.

— Me conta sobre você — disse ele, finalmente soltando a mão, mas sem se afastar. — Quem é a mulher que destrói ternos caros sem querer?

Ayla riu nervosa, tentando aliviar a tensão.

— Ayla. Ayla Sanli. Sou paramédica... acabei de me formar hoje, na verdade. Moro com a minha mãe. E... solteira. Muito solteira. Tipo, pateticamente solteira.

Ela corou mais ainda ao perceber o quanto havia revelado. Felipe sorriu de lado, os olhos cinza fixos nos dela.

— Felipe. Felipe Demirkan. Empresário. Também solteiro. — Ele pausou, o tom leve. — E não acho que você seja patética.

Empresário. Era o que ele sempre dizia. Nunca mais que isso.

Ele se aproximou mais, o corpo quase encostando no dela. Com delicadeza, afastou uma mecha de cabelo do rosto de Ayla, os dedos roçando a bochecha. Ela prendeu o ar. O toque era quente, elétrico. O ventre dela se contraiu, uma onda de calor subindo pelo corpo inteiro. Felipe sentiu o próprio sangue pulsar mais forte. Aquela mulher o desarmava de um jeito que ele não entendia.

— Você é diferente — murmurou ele, tão baixo que só ela ouviu.

O celular de Ayla vibrou no bolsinho do vestido. Ela pegou rápido, tentando disfarçar.

Ayla ficou vermelha como um tomate, virando o celular para baixo. Luna não tinha um pingo de juízo. Felipe ergueu uma sobrancelha, curioso.

Segundos depois, outro vibrar. Era Luna novamente exigindo um beijo.

Ayla escondeu o celular contra o corpo, rindo nervosa.

— Algum problema? — ele perguntou

— Nada importante.

Mas o celular vibrou de novo, insistente.

Ayla se atrapalhou toda, tentando silenciar o aparelho, ele escorregou da mão dela, caindo no sofá ao lado.

Felipe foi mais rápido. Pegou o celular antes que ela pudesse, os olhos correndo pela tela iluminada. Leu as mensagens em voz alta, a voz carregada de diversão.

— “Pega ele”. “Beija esse homem lindo”. “Quero ver beijo”... — Ele olhou para ela, o sorriso predatório. — E a última: colar nossas bocas...

Ayla quis morrer. Tentou pegar o celular de volta.

— Devolve! É minha amiga idiota...

Felipe segurou o aparelho fora do alcance, aproximando-se mais. O corpo dele agora a encurralava contra a parede da cabine, sem tocar, mas perto o suficiente para que ela sentisse o calor.

— Se é um show que sua amiga quer... — murmurou ele, os olhos escurecendo. — Então que seja.

Ele ergueu a mão devagar, os dedos deslizando pela lateral do pescoço dela até a nuca. A pele dela arrepiou inteira. Ayla tremia, os lábios entreabertos, os olhos verdes fixos nos dele. O coração batia tão alto que ela jurava que ele podia ouvir.

Felipe inclinou a cabeça, aproximando-se até que seus lábios quase se tocassem. O ar entre eles estava em chamas.

A tensão era insuportável.

— E então, vamos nos beijar, ou sua amiga terá que colar nossas bocas?

Felipe não esperou mais. Seus dedos apertaram suavemente a nuca de Ayla, puxando-a para si com uma urgência que não admitia recusa. Os lábios dele encontraram os dela num beijo que roubou o ar de ambos instantaneamente.

Foi como se o mundo explodisse.

Os lábios dele eram firmes, quentes, exigentes. A boca se abriu sobre a dela, a língua invadindo com uma fome que fez o corpo inteiro de Ayla tremer. Ela correspondeu sem pensar, as mãos subindo para o peito dele, sentindo os músculos tensos sob a camisa ainda úmida. O coração dela disparava, o sangue correndo quente pelas veias, concentrando-se num ponto baixo do ventre que latejava de necessidade.

Ayla nunca sentira algo assim. Nenhum beijo casto de namoradinhos adolescentes se comparava. Era fogo puro, consumindo tudo. Os sentidos dela estavam em chamas: o cheiro dele a envolvendo, o som da respiração pesada misturando-se à música abafada, o toque das mãos dele descendo para a cintura, apertando-a contra si como se quisesse fundi-los.

Felipe estava perdido. Quem é essa mulher? A mente dele girava enquanto devorava a boca dela. O corpo dela se moldava ao dele perfeitamente, macio onde ele era duro, inocente onde ele era experiente. O beijo era doce e selvagem ao mesmo tempo, e ele sentia o pau endurecer dolorosamente contra o zíper da calça. Fazia tempo que não desejava alguém assim — talvez nunca. Ela o desarmava, fazia seu controle rígido rachar como vidro.

Eles se separaram apenas por necessidade de ar, testas encostadas, respirações ofegantes se misturando.

— Vem comigo — murmurou ele contra os lábios dela, a voz rouca de desejo. — Sai daqui comigo.

Ayla mordeu o lábio inferior, ainda inchado do beijo, o corpo todo formigando. Olhou para aqueles olhos cinza escuros, cheios de promessa. É loucura. Eu nem o conheço. Mas outra voz na cabeça sussurrava: Você pensou que nunca mais veria um homem como ele. Por que não? Só essa noite. Só mais um pouco.

Ela assentiu, quase sem voz.

— Sim.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App