Mundo ficciónIniciar sesiónO dia seguinte chegou e diferente do que encontrávamos nos dias anteriores, a mansão parecia viva.
Passei pelas portas de serviço como sempre, usando minha roupa impecável, cabelos ajeitados e deixando meus saltos ecoarem pelo corredor.
O lugar que antes era frio e restrito, agora recebia a luz do sol pelas janelas dos cinco quartos do andar.
Olhei de um lado para o outro, vendo as empregadas trocarem os forros das camas e correrem para seus próximos afazeres, até que, ao parar na porta do quarto da senhora Backer, ela se abriu antes que eu desse os toques.
—Bom dia tia Hana! – Disse Benjamin como se me aguardasse. —Como minha vovó diz, nem um segundo a mais nem a menos!
Eu sorri fraca com o comentário.
—Bom dia pequeno Backer! – Respondi com um tom mais doce, o exibindo um sorriso, mas logo o desfiz ao olhar para a magnata. —Senhora Backer...
Ela se aproximou, já vestida e maquiada.
—Senhorita Rider, hoje você reporte ao quarto do lado. Vou tirar uma folga e fazer compras com o meu neto. – Disse ela segurando a mão de Benjamin, indo até as escadas com ele.
Girei meus pés no chão e caminhei duas portas anteriores, dando três toques na porta, mas não ousei entrar até que ele me permitisse.
E então, a voz soou baixa e com seu costumeiro timbre sensual e impactante.
—Entre!
Eu já estava pronta psicologicamente para isso e então, girei a maçaneta, abrindo suavemente a porta.
—Senhor Backer...- Falei dando um passo para dentro e ao encostar a porta com um clique, confesso que quase me arrependi.
Mark estava virado para a janela, com sua postura impecável e pecaminosa.
Ele usava uma calça social chumbo, já estava com seu sapato encerado e uma camisa branca que desenhava seu corpo, deixando visível as curvas dos braços.
Ele amarrava a gravata perfeitamente enquanto se virava para me olhar e a luz que atravessava a janela deu um efeito de fundo que quase me tirou o ar.
—Reporte-se! – Disse ele diretamente, com um timbre de voz baixo, porém, autoritário.
Limpei a garganta com um leve pigarro e apertei as pontas do tablet, sentindo minhas mãos suarem.
—Senhor Backer...- Falei levando os olhos para o eletrônico em minhas mãos, retomando a atenção. —O senhor tem um encontro as nove com a senhorita Cameron sobre os inventários.
—Prossiga. – Respondeu ele, caminhando até o closet, voltando com um relógio nas mãos.
—Claro. – Respondi me virando suavemente de lado, tentando não focar em cada detalhe. —As dez e quarenta, o conselho pediu uma reunião via vídeo para assistir a sua posse.
—Já estou ciente, deixa que eu mesmo confirmo.
—Certo. – Respondi levantando o olhar, vendo um pequeno defeito no nó da gravata.
Desviei os olhos algumas vexes, sentindo minhas mãos se inquietarem para ir ajustar.
—Hm...- Resmunguei tentando focar no tablet, mas por um breve segundo, me perdi.
Uma falha. Uma falha que não pode existir.
Coloquei o tablet em cima da cama dele e caminhei até ele o vendo me encarar, mas não se surpreender.
—Com licença. – Pedi antes de levar minhas mãos até o nó da sua gravata, vendo-o arquear uma sobrancelha.
—A senhorita Rider realmente não deixa passar falhas. – Disse Mark com um tom baixo, mas sem emoção.
—Senhor, as treze horas temos a reunião reagendada. – Falei focando na agenda, enquanto eu desfazia o nó da gravata o refazendo.
—Por quê? – Perguntou ele, me fazendo entender a pergunta, mas eu também respondi com duplo sentido.
—Porque foi necessário. Senhor.
—Hana! – Chamou Mark com sua voz levemente irritada. —Por que não saiu? Você tinha planos.
—A minha vida pessoal não lhe diz respeito desde que aceitou se casar. Por favor, se continuar com perguntas inconvenientes, atrapalhará o meu trabalho. – Respondi séria, mas era uma pose superficial.
No fundo, bem lá no fundo, eu queria receber aquelas perguntas, tanto quanto as inúmeras que eu tinha a fazer.
—Certo. – Disse ele, tirando minhas mãos da gravata dele com brutalidade.
Me afastei e fui até a cama para pegar o eletrônico, o lançando mais uma olhada.
—Senhor o café já está servido e a senhora Backer pediu para o avisar que escolherão a babá, juntos.
Ele me olhou e arqueou uma sobrancelha, acompanhando meus movimentos para sair do quarto.
Passei pela porta, sentindo meu coração falhar e minhas pernas bambearem.
Eu não ia durar muito se eu continuasse a trabalhar do lado dele.
Desci para a sala de jantar, como de costume.
O café da manhã estava mais alegre, com vida.
Cleo e Benjamin já demonstrava uma grande sintonia; um sentimento genuíno que nos trouxe um pouco de esperança para acabar com a escuridão.
Mark tomava seu café sem desviar os olhos do tablet, enquanto a senhora Backer carregava um ar despreocupado em sua feição.
E de repente, a voz dela tomou a atenção de todos.
—E então, Ben, já decidiu qual das tias vai ficar com você? – Perguntou Cleo, com um leve tom de brincadeira.
Benjamin sorriu e balançou a cabeça confirmando.
—Sim vovó. – Disse ele apontando o dedo para mim. —Eu quero a tia Hana!







