Ele não vai baixar a guarda

Mansão principal - Los Angeles.

Era estranho estar naquela casa sem a Cleo; aquela era a primeira vez que eu estivera na casa sem ela e com uma presença mais sufocante.

Tal mãe, tal filho.

Os funcionários já haviam se recolhido. A casa mantinha apenas as luzes dos corredores acesas, deixando um enorme sentimento de vazio.

Caminhei até a escada e me virei para olhar Mark, vendo-o carregar o filho nos braços.

—Eu vou guiá-lo até o seu quarto e mostrar o quarto do seu filho.

—Não precisa. Essa casa também é minha. – Disse ele passando por mim, subindo os degraus a frente.

Subi logo atrás, vendo-o abrir a porta do quarto do filho, como se já tivesse sido orientado antes. – Ou talvez isso tenha mesmo acontecido.

Assim que entrei depois dele, caminhei até o closet.

—Aqui estão as toalhas de cama e banho. Já foram lavadas com alergênicos.

—Ideia sua, eu suponho. – Resmungou Mark, enquanto tirava os sapatos da criança. —A parede azul...os brinquedos. Foi você também.

Não foi uma pergunta. Ele sabia a resposta e por isso só afirmou.

—Eu não sabia do que ele gostava. – Falei mínima, caminhando até as paredes para ligar os protetores de inseto. —É verão, isso pode o atrapalhar no sono.

Mark não disse nada, apenas se aproximou com seus passos largos e silenciosos.

—Tá. Obrigado. Agora sai. – Disse ele me olhando nos olhos. —Eu sou o pai e sei cuidar do meu filho.

Aquilo me pegou desprevenida.

Assenti o entregando o controle do ar.

—Sim senhor. – Falei me virando e então, me surpreendi ao ver o pequeno sentado na cama, esfregando os olhos.

—Papai, por que está brigando com a tia? – Perguntou Benjamin me pegando de surpresa.

—Eu não estou fazendo isso. – Disse ele, caminhando até a criança, o abraçando.

Rapidamente seus olhos encontraram os meus, mas eu fui na primeira a desviar, como se aquele olhar me queimasse.

Foi então que a voz do pequeno soou novamente.

—Papai. Estou com fome.

—Ah, vou ver o que...- Eu os interrompi.

—O que gostaria de comer? Eu posso preparar para você.

—Não tem necessidade. – Disse Mark tentando soar despreocupado, mas eu insisti.

—Senhor Backer, agora todos os copeiros já se retiraram. Se quiser posso fazer algo bem leve para ele.

—Leite com biscoitos. – Disse Benjamin, com um sorriso os lábios. —Minha mãe sempre fazia para mim.

Eu encarei Mark e respirei fundo, colocando um sorriso para a criança.

—Certo. Eu mesma farei para você. – Falei, caminhando em direção a porta e antes que eu passasse pelo arco, meu braço foi puxado.

—Por que está fazendo isso? Está se intrometendo onde não deve.

—O que quer dizer? – Perguntei o vendo cerrar os dentes.

Mark me encarou com fúria, mas o seu olhar o traiu, fugindo rapidamente dos olhos aos lábios, voltando para a minha íris acastanhada.

—Essa é uma lembrança que ele tem da mãe.

—O que tem a ver? Não estou a ofendendo. Estou cuidando do filho dela.

Um sorriso surgiu no canto dos seus lábios.

—Será? Você a odiava.

Aquilo me irritou.

Dei um passo para frente o encarando nos olhos.

—Não se preocupe. Eu não sou uma inimiga.

—Tenho minhas dúvidas. – Disse ele com um certo deboche, ameaçando tocar meu queixo.

—Senhor Backer ele é só uma criança que sente falta da mãe. Ele só quer algo para o preencher esse vazio...

—Que profundo Rider... tocante seu discurso, mas você não pode chegar e ocupar o lugar da mulher que eu amei, no coração do meu filho.

Dessa vez, foi a minha vez de o provocar.

—Tenho minhas dúvidas.

Assim que falei, ele se aproximou com tudo, espalmando as mãos ao lado do meu corpo.

—Sobre o quê? Eu amar a Letícia? -  Disse ele se afastando um pouco para me olhar. —Quem foi morar comigo no exterior? Quem gerou um filho meu?

Ele se afastou um passo e me encarou, arqueando uma sobrancelha.

—Se eu não a amasse, por que eu a escolheria?

Aquilo me machucou. Perversamente.

Ele estava jogando na minha cara algo que aconteceu a cinco anos atrás.

A escolha que ele fez de se casar com a Letícia e em seguida ela engravidar, descumprindo toda as promessas que um dia eu ouvi.

Doloroso.

Mas o que eu poderia fazer? Ele disse a verdade. Foi ela.

E não eu.

Sorri fraca e me curvei brevemente, vestindo novamente uma máscara de granito para esconder meus sentimentos.

—Como quiser senhor Backer. Se precisar de alguma coisa é só chamar.

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