Giulia e Enrico
Dois dias se passaram. O hospital, que antes parecia um campo de batalha, agora respirava uma estranha calma. Mas a paz era apenas superficial — Giulia sabia disso. Ela estava deitada na cama, o corpo ainda fraco, sentindo a vida pulsar em si e em seu ventre, onde seu bebê crescia protegido. O soro gotejava lentamente ao lado, e o leve zumbido dos aparelhos preenchia o silêncio do quarto.
Na poltrona próxima à janela, Enrico parecia um leão em cativeiro. Vestia uma camisa branca, com as mangas dobradas até os cotovelos, revelando os antebraços fortes cobertos de veias saltadas. O laptop descansava em suas pernas, os dedos digitando com uma rapidez quase agressiva. Dois celulares vibravam em uma mesa próxima, ao lado de uma xícara de café esquecida. Guilhermo, por vezes, entrava e saía do quarto sem anunciar-se, entregando papéis, falando baixo, repassando informações que Giulia mal conseguia entender. Nomes. Endereços. Gravações. Peças de um quebra-cabeça que Enrico mo