Enrico
O celular ainda estava quente na minha mão quando ele explodiu contra a parede, estilhaçando porcelana e controle. O som fez Giulia se erguer num sobressalto, os olhos arregalados, alerta.
— Enrico? — a voz dela vinha carregada de susto e uma intuição estranha. Ela sentia, antes mesmo de eu dizer.
Virei para ela devagar, tentando manter o gelo que sempre me protegeu — mas naquele instante, estava derretendo por dentro.
— Dispararam contra a mansão — falei, cada palavra mais pesada que a anterior. — Estavam todos lá. Nossos pais. Andrea, Giacomo, Guilhermo. Foi um ataque direto.
Ela levou a mão ao estômago, como se o impacto da notícia tivesse acertado o corpo inteiro. E então, de repente, o rosto dela se contorceu em dor.
— Giulia?
Ela cambaleou um passo para trás, e eu a segurei antes que caísse. A mão dela foi direto para o pé da barriga. Os olhos se fecharam com força.
— É só uma fisgada... — murmurou, mas a mentira era frágil. Ela tremia.
— Não. Não é só isso. Você