Giulia
A casa estava quieta demais.
Nenhum som de passos, nenhuma panela na cozinha, nenhuma luz acesa. Um silêncio estranho — não o silêncio de paz, mas o silêncio de algo prestes a acontecer. Subi e desci as escadas sem encontrar ninguém. Nem mesmo um bilhete. Comecei a achar que tinha esquecido de algo importante, algum evento, uma reunião…
Até que a porta da frente se abriu.
Enrico entrou, com aquele jeito direto que sempre teve, e um brilho diferente no olhar.
— Pronta? — ele perguntou, como se tudo estivesse perfeitamente normal.
— Pronta pra quê? — franzi a testa.
— Vem comigo — ele disse, e estendeu a mão.
Pensei em perguntar. Em recusar. Mas havia algo na expressão dele — uma mistura de calma, decisão e algo... doce — que fez minhas perguntas se calarem. Peguei sua mão.
No carro, ele ficou em silêncio. E eu também. Ele tinha andado estranho nos últimos dias, mais calado que o normal, como se estivesse carregando algo grande. Mas agora, havia um tipo de leveza nele que me conf