Donatela
O hospital estava mergulhado em um silêncio pesado, como se até as paredes soubessem do risco que pairava no ar.
O cheiro forte de desinfetante parecia grudar na pele, misturado à ansiedade que escorria pelos corredores.
Donatela Bianchi entrou com a postura impecável de quem queria ser vista como parte da família preocupada, mas seu sorriso discreto escondia o veneno que lhe fervia sob a pele.
Os saltos dos seus sapatos de couro fino estalaram no chão como pequenos tiros, chamando atenção apenas dos enfermeiros que a observaram de relance.
Ela trajava um blazer claro, elegante, os cabelos loiros presos com perfeição — a encarnação da irmã solidária.
Seu olhar percorreu rapidamente o corredor até encontrar a figura imponente de Enrico, parado à porta de um dos quartos, falando em voz baixa com um médico.
O rosto dele estava fechado, os olhos injetados de tensão.
Donatela fingiu ajeitar a bolsa no ombro, soltando um suspiro alto o suficiente para parecer emocionada.
— Po