“Ele tinha tudo, ele sempre teve tudo.”
Era o que todos diziam quando ele reapareceu no circuito social de Las Vegas, o Enrico Mancini de antes, de volta ao seu trono de luxo, controle e arrogância. As noites voltaram a ser feitas de festas discretas, jantares silenciosos em restaurantes exclusivos, taças de vinho encostadas em lábios desconhecidos. Mulheres desfilavam à sua volta como se ele fosse o prêmio mais desejado, e talvez fosse.
Mas ele não sentia nada, o prazer era mecânico, o riso ensaiado, o olhar... vazio. Ele não sabia explicar. Era como se algo vibrasse dentro dele, um desconforto persistente, uma ausência que não deveria estar ali, porque, racionalmente, não faltava nada. E, mesmo assim... Faltava tudo.
Na madrugada fria daquele sábado, Enrico se largou no sofá da sua cobertura de solteiro, afrouxando a gravata, o paletó atirado sobre uma cadeira qualquer. A cidade piscava pelas janelas de vidro, impassível, luxuosa, distante.
Ele passou a mão pelos cabelos, exausto. O