Ele não planejou estar ali, não planejou nada, na verdade. Só dirigiu feito um condenado pelas ruas escuras, com o maxilar travado e o sangue fervendo, até parar em frente àquela casa simples que o atormentava mais do que qualquer lembrança perdida. O nome dela pesava no peito como uma maldição e um alívio ao mesmo tempo.
Ainda estava envenenado pela cena do dia, ela sorrindo para outro homem. Pior: um homem que parecia conhecê-la de verdade. Que a tocava com intimidade, que fazia ela rir daquele jeito baixo, sincero, que ele mesmo já vira em outras vidas, ou pelo menos era o que o corpo dele gritava, mesmo que a mente negasse. Ele desceu do carro decidido a jogar mais veneno naquela guerra silenciosa. Mas o que encontrou o desmontou por dentro, a porta da frente estava apenas encostada. Luzes apagadas e silêncio.