Aurora jogou as chaves sobre o aparador e apoiou-se na parede da sala, soltando um suspiro longo. Ainda conseguia vê-lo.
A figura dele saindo da loja do mesmo jeito que entrou: abrupto, intenso, como se o mundo lá fora não existisse. Ela fechou os olhos, passando as mãos pelo rosto. Por que ele tinha vindo? Por que agora?
A casa pequena parecia ainda menor com as lembranças daquele dia latejando por todos os cantos. Cada detalhe daquele encontro inesperado ficava mais vivo dentro dela conforme o silêncio da noite caía. Aurora bufou, largando-se no sofá surrado da sala.
Claro que a notícia não demorou a correr pela cidade, nem poderia. Minutos depois que Enrico saiu, a loja virou um desfile de vizinhos e curiosos, cada um com uma teoria mais absurda