Aurora estava sentada na beira da cama, os joelhos dobrados e os braços envolvendo o próprio corpo. Desde que Enrico a mandara para aquele quarto, prometendo encontrar uma saída para a situação, sua mente não descansava um segundo. O dia tinha sido um pesadelo. Primeiro, a tentativa de rapto. Depois, a constatação de que Tommaso Ricci estava realmente atrás dela. E agora, o que viria a seguir? O que Enrico faria?
Ela não gostava da ideia de depender dele. Mas, no fundo, sabia que estava encurralada. Não podia continuar fugindo para sempre. O som de batidas na porta a fez sobressaltar-se. Antes que pudesse responder, uma voz soou firme do outro lado.
— Senhorita, o senhor Mansini quer vê-la em seu escritório.
Ela hesitou p
Aurora estava sentada na beira do sofá no escritório de Enrico, os braços cruzados e a expressão carregada de desconfiança. A proposta de casamento ainda martelava em sua mente, e agora, diante dele, tudo parecia ainda mais surreal.— Se vamos fazer isso, então precisamos estabelecer algumas regras. Ela disse, quebrando o silêncio.Enrico, que estava encostado na mesa com os braços cruzados, arqueou uma sobrancelha, claramente interessado no que viria a seguir.— Eu exijo que seja discreto. Nada de alarde, nada de cerimônia grandiosa. Isso tem que ser rápido e sem atrair atenção — continuou Aurora, mantendo a voz firme.Ele inclinou levemente a cabeça, avaliando-a.<
A cerimônia foi tudo o que Aurora pediu: rápida, discreta e sem qualquer resquício de romantismo. O juiz de paz fez seu trabalho em poucos minutos, e logo os dois estavam oficialmente casados. Não houve troca de votos emocionados, nem um beijo simbólico para selar a união. Apenas a frieza burocrática de um acordo selado no papel.O juiz os casou no escritório da grande mansão de Enrico, que ficava na melhor área de Las Vegas. Naquela manhã Aurora juntou seus poucos pertences e seguiu o segurança até o carro que os levaria a casa de Enrico. Estava longe de estar bem com aquele acordo, mas precisava ser fria e calculista, aquela era de longe a sua melhor chance.Aurora observou a aliança simples em seu dedo, sentindo o peso daquilo que tinha acabado de fazer. Ela agor
Aurora ainda não conseguia se acostumar com a nova rotina. A aliança em seu dedo pesava como uma corrente invisível, um lembrete constante do acordo que fizera com Enrico. Apesar de saber que aquele casamento era apenas uma formalidade, a convivência forçada começava a testar seus limites.Desde que se mudou para a casa de Enrico, os dois tentavam manter uma distância segura. Mas era impossível não se esbarrarem nos corredores silenciosos, na sala de jantar onde as refeições eram marcadas por um silêncio incômodo, ou até mesmo no escritório dele, onde às vezes ela ia em busca de algum título na ostensiva e impecável biblioteca de madeira escura. Era estranho como até o cheiro do lugar – um misto de couro, café e algo inegavelmente masculino – parecia provoc&aac
O quarto dele era amplo, elegante e masculino, decorado em tons de cinza e madeira escura. Ela se deitou do lado esquerdo da cama, sem saber como agir. Enrico se limitou a tirar o paletó e os sapatos antes de se acomodar no sofá, de costas para ela. O silêncio era cortado apenas pela tempestade lá fora.No meio da madrugada, Aurora acordou sobressaltada com um barulho forte vindo de fora – um estrondo seco, como se algo tivesse caído no jardim. Assustada, sentou-se de súbito e olhou em volta, os olhos ajustando-se à escuridão. Chamou por Enrico.— O que foi? — ele perguntou, a voz rouca de sono.— Eu ouvi algo… algo que quebrou.Ele passou a mão pelo rosto, tentando despertar. De
Aurora acordou sozinha na cama enorme. O lugar onde ele estivera estava vazio, mas ainda quente.No banheiro, encontrou uma toalha limpa e uma camisa masculina deixada sobre a bancada. O cheiro dele estava impregnado no tecido. Aurora foi até seu próprio quarto e trocou de roupa.Quando desceu para o café da manhã, encontrou Enrico já à mesa, lendo o jornal. Estava impecável, como sempre, mas os olhos a seguiram com mais intensidade do que de costume.Ela sentou-se em silêncio, sentindo o peso da noite passada entre eles.— Dormiu bem? — ele perguntou, a voz carregada de sarcasmo.— Mais ou menos... — ela respondeu, desafiadora. — Algo me dei
Aurora acordou lentamente, o corpo pesado e deliciosamente dolorido, como se cada músculo, cada pedaço de pele carregasse as marcas invisíveis da noite anterior. O cheiro dele ainda estava ali, entranhado nela, um perfume quente, masculino, que misturava madeira e algo mais selvagem, quase indomável. A cama era um caos: lençóis retorcidos, travesseiros desalinhados, o espaço ao seu lado vazio, mas ainda morno, como se Enrico tivesse acabado de sair. Ela passou os dedos pelo tecido, sentindo o calor residual, e um arrepio subiu por sua espinha.Então, virou-se devagar… e o encontrou. Enrico estava ali, recostado contra a cabeceira, já acordado, os braços cruzados sobre o peito nu. Ele a encarava em silêncio, um meio sorriso preguiçoso curvando o canto dos lábios — um olhar perigoso, masculino demais, que parecia despi-la de novo sem esforço. Os cabelos escuros estavam bagunçados, caindo sobre a testa, e os olhos, aqueles olhos de um castanho quase negro, brilhavam com uma intensidade q
Aurora precisava respirar, precisava desesperadamente de um pouco de normalidade. Nos últimos dias, sua vida tinha se resumido a acordar e dormir sob o olhar atento e excessivamente controlador de Enrico. Era sufocante, perigoso, viciante. E, ao mesmo tempo, enlouquecedor. A sombra de Tommaso a perseguia dia e noite, a deixando ciente que mesmo casada seguia em perigo. Enrico havia mencionado que o negócio da Villa estava definitivamente cancelado e suas relações com ele cortadas. Parece que ele não havia aceitado nada bem quando descobriu sobre o casamento de Aurora.Então ela não pediu permissão, não dessa vez. Estava cansada, exausta de se sentir prisioneira, vigiada, sufocada naquela casa luxuosa que mais parecia uma gaiola de ouro. Enrico podia controlar o mundo lá fora. Podia ter o poder, o dinheiro, os seguranças...Tommaso
O carro deslizou pelas ruas com o silêncio mais barulhento que Aurora já experimentara. Ela olhava pela janela, os braços cruzados sobre o peito, tentando fingir indiferença. Mas por dentro, seu corpo ainda fervia. A tensão em seu pulso — onde ele a segurara — ainda latejava. A sensação de pertencimento que ele impusera com aquela simples frase que havia dito mais cedo— "Você é minha esposa agora" — ainda vibrava nos seus ossos.Enrico, no banco do motorista, dirigia com os olhos fixos na estrada, a mandíbula travada, os dedos cerrados no volante como se fosse esmagá-lo. Cada músculo de seu corpo parecia tenso, como se ele lutasse contra um impulso primitivo.Quando chega