Maitê é envolvida em uma trama sórdida. Contra seus princípios éticos, ela se vê obrigada a casar com Hunter Knoefel, um médico e empresário bilionário. O problema é que Hunter está em coma a mais de um ano e seu irmão ambicioso arma toda essa trama para ficar com a fortuna de Hunter. Maitê que estava em pânico nas mãos do inescrupuloso Edward Knoefel, se vê perdida quando Hunter acorda do coma de maneira repentina. E agora, Hunter lembrará do seu passado? Ele vai aceitar essa esposa? ele vai protegê-la ou manda-la para cadeia?
Ler maisMaitê Moreli
Passamos a vida tentando ser pessoas honestas, tentando pôr em prática tudo que nossos pais nos ensinaram. Até que, uma situação nos fazia passar por cima de nossos valores e, até mesmo, do nosso caráter. Era um homem em coma, que mesmo assim, estava muito bem cuidado; apenas um tanto magro. Tinha uma pele alva e o rosto bem barbeado. Enquanto dormia, mantinha uma serenidade espontânea. Os médicos o desenganaram, de maneira sincera e segura, disseram que o cérebro do homem deitado sobre a maca tinha pouca atividade, e dificilmente sairia do coma e, se por acaso saísse, não seria possível voltar a ser como era antes. Ouvia em tempos, desde que cheguei aqui na terra do Tio Sam, muitos burburinhos no hospital, dizendo que existia um homem em coma e que ele era dono de todo esse império, que foi vítima de afogamento acidental. Não acreditava, pensava que esse tipo de sono quase eterno, era coisa de novela da tarde, até ver com meus próprios olhos. Me deixei envolver, me deixei ludibriar e, agora, eu estava me casando por necessidade, mas de certa forma, forçada. A minha mão hesitava em assinar aquele livro, tive que ouvir a voz que um dia já me fez tão bem e, agora, me fazia mal. — Assina logo esse documento! — esbravejou de maneira ríspida. Edward me seduziu com sua beleza e pose de quem nasceu em berço dourado. A gente pensa que uma pessoa que tem tudo, não é capaz de atos vis. Mas ele estava ali, o homem que um dia me apaixonei e que como uma garota tola sonhei em me casar. E ironicamente ele está me forçando a casar com seu irmão em coma. — Edward, tenha misericórdia. Eu trabalho aqui dobrado, até pagar o último centavo. Por favor, não me force a fazer isso. É um ato infame, vergonhoso e, principalmente, criminoso. — sabia que minhas súplicas de nada adiantariam, mas tentar era minha obrigação. Ele pegou o celular do bolso, e fez uma chamada. Enquanto eu me "casava", minha mãe adotiva, a mulher que cuidou de mim, estava na mesa de operação, pronta para receber o transplante que tanto necessitava. Eu devia isso a ela. — Enfermeira Lucy, cancele a cirurgia. — Edward sabia como trabalhar minha mente. Sempre fui sua presa fácil, a filha desesperada para salvar a vida de sua mãe amorosa, e era disso que ele se aproveitava. — NÃO! PELO AMOR DE DEUS, NÃO!!! — O homem porque quem um dia fui apaixonada, agora era o meu algoz e a única pessoa que odiava no mundo. — Com você, não há mais conversa. Ou assina esse maldito livro, ou sua mãe morre seca, esperando para fazer o transplante. Em lágrimas e trêmula, assinei aquele maldito livro com data de dois anos atrás. Depois, copiei as diversas cartas, com datas diferentes, que Edward me ordenou. Não havia a menor necessidade desse casamento falso ser feito dentro do quarto de hospital, era apenas o sadismo de Edward. Assim que terminei com a assinatura, ouvi bem o homem falar bem claro que levaria o livro de volta a um cartório que ficava no interior da cidade de Guadalajara, se tratava de um grande golpe. Era certo que eu estava lidando com um psicopata. Depois de me obrigar a fazer o que acabei de fazer, ele veio para cima de mim cheio de carinho, como se eu fosse receber o gesto de bom grado. Esperaria minha mãe se recuperar, a levaria de volta ao México, a deixaria aos cuidados da minha amiga e, em seguida, me entregaria à polícia, contando todo meu delito para as autoridades. — Amor, agora você vai para o México e mandar de lá a carta para o seu marido, Hunter Knoefel, e o resto deixa comigo. — suas mãos percorreram meus braços, me causando náuseas e arrepios. — Não vou deixar minha mãe! Irei para o México com ela, quando tiver alta. — Você me tira como um idiota! Maitê, não me irrita! Sua mãe terá uma cuidadora vinte e quatro horas por dia, vai se recuperar em um dos maiores e melhores hospitais da América. Se ela tiver alguma rejeição ao transplante, melhor lugar para ela estar não há. — Não vou deixar minha mãe, você entendeu? — Tentei lhe dar os bons motivos, mas você só quer viver de inferno. Gosta de inferno? Pode escolher se a Norma fica aqui bem cuidada e você volta agora mesmo para o seu país, ou você fica e logo após o término da cirurgia, mando dar alta a ela. Sem seguro social, como será a recuperação dessa senhora? — Por favor, Edward, minha mãe vai ficar assustada ao acordar e não me ver. — supliquei com a voz embargada. Mas seu olhar continuava gélido, não importava o que eu falasse, aquele homem não seria convencido a mudar seu plano macabro, o que me restou foi obedecer. Depois de me casar com um homem em coma, agora eu daria o golpe contra minha vontade, para me tornar dona de todo império do Knoefel. — Você tem tudo. Para que tanta ambição? — esbravejei. — O que meu pai fez foi uma canalhice! Deixar tudo para o Hunter, quando eu sou o mais velho. Já era médico e o Hunter ainda está no sexto período. Não é só dinheiro que está em jogo aqui, é a minha dignidade, meu direito, e vou até o limite para que seja feita justiça! — Quanto tempo terei que ficar no México sem a minha mãe? — mudei levemente o assunto, não adiantava argumentar com alguém que não estava disposto a ceder nada. — Assim que chegar lá, você manda a carta. O tempo será o mesmo em que as coisas levarão para serem resolvidas. — Depois que eu passar tudo para o seu nome, minha mãe e eu teremos liberdade, certo? — Amor, não vai ter necessidade de passar nada para o meu nome. Eu só quero cuidar dos bens e ter o controle de tudo, já que me pertence. Sou mais qualificado para isso, na verdade, sempre fui e nós três vamos viver como uma família. Eu, você, a Norma e nossos filhos que virão. — Não me chame de amor! Você não ama ninguém além de você mesmo, e depois que tudo isso acabar, vou voltar para o México com a minha mãe, e não quero te ver nunca mais! — Veremos, Maitê. Você me ama, pode estar chateada agora, mas depois verá que tenho razão em lutar pelo que me pertence. Eu te amo e você me ama, e tudo voltará ao normal. — Fui apaixonada por você, não nego. Mas amor, nunca senti. E depois do que me fez, só sinto asco de você. — Asco, sei… — ele zombou. (...) Estava na mão do demônio. Tentei lutar com ele, mas a verdade era que vendi minha alma ao verdadeiro diabo. Edward estava com o poder total sobre a vida da minha mãe, não pude nem vê-la ao acordar da cirurgia. Ao menos, o infame teve a simpatia de me dizer que a operação de transplante havia sido um sucesso. Foi aliviante. Não esperei um segundo a mais, assim que pus os pés no México, mandei a carta do jeito que o desgraçado me pediu. Queria voltar o mais rápido possível para perto da minha mãe, desejando me livrar de Edward Knoefel para sempre.Maitê MoreliApós uma noite horrível e mal dormida, quando finalmente consegui fechar os olhos, despertei assustada com a presença de Hunter — ele estava sentado à beira da minha cama, como se fosse o dono do lugar.Ergui-me num salto, ficando sentada de imediato, o olhar provavelmente assustado cravado nele.— O que você está fazendo aqui? Juro que tranquei a porta — balbuciei, ainda atônita.— Bom dia, Bela Adormecida! Agora vamos conversar... você e eu.— Eu tranquei a porta com chave! Como entrou assim, invadindo?Ele riu com desdém, debochado.— Invadir? Não, não. Aquele chaveiro que a Fanny te deu ontem tem uma cópia da chave do quarto da frente, o meu... ou melhor, o nosso quarto. Igual ao meu chaveiro — disse ele, tirando um molho de chaves do bolso e chacoalhando. — Também tem a chave deste quarto, onde você está dormindo... e onde eu posso querer dormir também. Não é assim que vivem os casados? Juntinhos o tempo todo.Engoli em seco. Tudo o que ele queria era me humilhar. El
Hunter Knoefel Desde o primeiro instante, achei toda essa história de casamento uma bizarrice ou uma piada de mau gosto de alguém. Ok, é fato que minha cabeça está confusa, às vezes penso que ainda estou em 2022 e nem me lembro de ter terminado com a Ariana.Por outro lado, me recordo perfeitamente das minhas visitas ao México, e em nenhuma delas vi essa mulher. Em nenhuma delas, Maitê está presente na minha memória.Ou eu acordei desse coma completamente variado mentalmente, ou tem algo muito errado se passando por aqui.A maneira assustada, em pânico, como essa mulher reagiu ao me ver de pé, não era normal. Não era a atitude de alguém que me mandou uma carta tão calorosa e tão pessoal. E ainda havia outra pergunta na minha mente: cadê a mãe doente?Agora, na primeira oportunidade, ela saiu correndo de perto de mim, e Edward a seguiu. Mas, se ela pensa que pode fugir, está muito enganada. Na mesma hora, peguei o telefone e liguei para a portaria:— Jadel, tem uma moça latina, cabelo
Eu já estava nervosa, mas tudo piorou quando Hunter começou a se aproximar de mim, lentamente. Seus olhos verdejantes me atravessavam como se pudessem ler minha alma. Se Mad não tivesse me segurado, eu teria caído. Sentei rapidamente numa cadeira próxima.— Tragam água para ela, — ordenou Hunter com firmeza.Rapidamente, um empregado trouxe um copo d’água. Ao pegá-lo, minhas mãos trêmulas demonstraram o estado de todo o meu corpo. Levei as mãos ao rosto e comecei a chorar.— Parece transtornada! — comentou Hunter.Limpei o rosto e levantei a cabeça. Além das mulheres, vi os olhos daqueles dois homens desconfiados me observando: Edward, com medo de que eu abrisse a boca, e Hunter, tentando entender toda aquela situação.— Seu irmão me disse que você estava em coma e que não acordaria jamais. Estou muito feliz que isso não seja verdade.Ele riu com uma leve ironia e disse:— Então acredito que o seu estado seja de emoção e surpresa ao ver que estou acordado.Não conseguia balbuciar as p
Maitê Moreli Não havia nada que fizesse Edward mudar de ideia. Ele insistia que antes de eu ir para o hospital ficar com a minha mãe tinha que ir até a mansão da família deles. Nós estávamos no voo, já nos aproximando do aeroporto nos Estados Unidos. A cabine de primeira classe era silenciosa e sofisticada. Poltronas amplas, que mais pareciam pequenas camas, ofereciam cobertores de cashmere e travesseiros macios. A iluminação suave criava uma atmosfera acolhedora, enquanto comissários discretos serviam taças de champanhe francesa e pratos finamente preparados com talheres de prata. Havia telas individuais com entretenimento personalizado, e até mesmo um pequeno bar na frente da cabine.No marcador digital acima das janelas, o tempo estimado para o pouso apontava: 25 minutos até o destino.Uma das coisas que mais me irritava era como tudo aquilo parecia normal para Edward. Ele se portava com a arrogância de quem controlava a situação, tentando me tocar como se ainda existisse entre n
Hunter Knoefel Eu ouvi ao fundo uma pessoa dizendo: doutor, eu falei ao senhor que os sinais que o senhor Knoefel estava dando, não eram os espasmos que aconteciam de tempos em tempos, falei que os movimentos que ele fazia eram diferentes, como quem estava tendo atividade cerebral.Quando abri meus olhos, tive vontade de fechar de novo instantaneamente, foi como se o sol estivesse dentro da minha retina. Uma fotofobia muito forte atacou minhas pupilas. Logo apagaram a luz e pude abrir novamente os olhos, dessa vez, com mais cautela.Não me lembrava de nada. A luneta direcionada aos meus olhos também não ajudava, aliás, ela piorava a minha situação. Mas eu conhecia o procedimento, era para ver se eu tinha atividade.— Doutor Knoefel, o senhor está me ouvindo? Consegue me compreender? —Respondi, levantando com dificuldade o dedo polegar. Queria falar, mas minha voz não saía. Aquelas foram duas das muitas perguntas que me fizeram e, que confesso, tive dificuldade em responder algumas,
Maitê MoreliEdward me proibiu de ir até o meu bairro, mas não falou nada sobre o fato de chamar minha amiga para vir até o hotel onde eu estava. Não foi só a Léa que chamei, também chamei minha madrinha. As duas chegaram juntas e juro que queria me controlar, contar a elas com cautela o que aconteceu comigo nas últimas semanas, no entanto, assim que abri a porta do quarto e elas entraram, abracei minha madrinha, desaguando toda minha angústia em lágrimas.— Calma, filha! O que está havendo? Não me diga que aconteceu o pior com a Norma… — Não conseguia falar, apenas balancei a cabeça em negativo.— Como eu pensei, toda aquela proposta, aquele homem lindo e perfeito, tinha algo errado. Tráfico de mulheres e prostituição. — minha amiga discorreu, convicta. — Acertei?— Não. — respondi assim que tirei a cabeça de cima do ombro da minha madrinha. — Mas você estava certa, Léa, era tudo bom demais, perfeito demais para ser verdade. Caí em uma armadilha.— Está me deixando com medo, filha. O
Último capítulo