Hunter Knoefel
Giuseppe parou de falar por um instante, como se o ar lhe faltasse. O silêncio que se instalou foi denso, pesado. Seus olhos marejados refletiam lembranças antigas, e as mãos trêmulas repousaram sobre os joelhos, num gesto involuntário de quem carrega o fardo do passado.
Rocco era seu sobrinho. Levy, seu filho. A história que ele contava era triste, profundamente dolorosa, um emaranhado de segredos e arrependimentos, mas como nada daquilo havia ocorrido dentro daquela casa, ele não via mal algum em compartilhá-la.
Maitê, que até então apenas ouvia, levava as mãos ao rosto em prantos. As lágrimas desciam silenciosas, denunciando o quanto se deixara tocar pela dor alheia. Quando finalmente conseguiu falar, sua voz saiu embargada:
— Quanta dor, senhor Giuseppe...
Ele respirou fundo antes de responder, a voz rouca e cansada:
— Sim, minha filha... muita dor. Dor que poderia ter sido evitada se meu irmão tivesse tido a coragem de dizer a verdade ao próprio filho.
Fique