Capítulo 2

Edward Knoefel

Há um ano atrás, quando planejei a morte desse infeliz, não imaginei que ele se salvaria. O carro submergiu cinquenta metros no rio em New Haven, ele, de alguma forma, conseguiu sair, mas se afogou mesmo assim, e voltou da parada cardíaca. Ficou em coma e pensei: será fácil me livrar. Mas aí o Wayne falou da cláusula que o desgraçado pôs no testamento; que se ele morresse, sem ter esposa e filho, toda sua fortuna seria direcionada à caridade e para estudos em avanços da medicina. 

Para completar, o advogado e braço direito do meu irmãozinho, bloqueou na justiça os bens da minha família, para segundo ele, proteger o patrimônio do meu irmão.

Sessenta e oito por cento do dinheiro da família estava no poder desse desgraçado, pois o doente do meu pai deixou apenas trinta e dois por cento para dividir entre mim, minha mãe e irmãs, nos deixou com a miséria de oito por cento cada um. Enquanto ao Hunter, tudo.

Me restou deixar esse infeliz vivo. Sempre fui o mais inteligente dos Knoefel, e era por isso que iria reaver o que era meu por direito.

(...)

Ansiava que a carta enviada por Maitê chegasse o mais rápido possível. Eu tinha a garantia que a manipularia enquanto a saúde da sua mãe estivesse em meu poder.

Entrei com o carro na mansão e a cena era a mesma, enquanto minha família ficava alheia a todo o problema que existia, eu lutava pelo nosso bem-estar.

Mad e Krystal com os amigos na piscina e minha mãe com certeza em algum spa ou salão de beleza. Fui direto até o caseiro saber das correspondências. Para minha felicidade o que eu precisava havia chegado. Agora era só reunir a família e continuar meu teatro.

(...)

03 de novembro de 2023, Guadalajara 

Hut, você sumiu e, assim que parou de atender minhas mensagens e os e-mails que te enviava voltarem para mim a mais de um ano, entendi que nosso casamento foi apenas uma loucura de verão. Mas agora, preciso de você. Norma, minha mãe, que tanto você gosta, está com Leucemia, já não sei a quem pedir ajuda, relutei em te procurar, mas estou desesperada. 

O meu pai sumiu e levou o pouco que nós tínhamos, mas também, se estivesse por perto, não adiantaria muita coisa. Como sabe, o senhor Jonas sempre foi um zero à esquerda.

Prometo desaparecer da sua vida e até mesmo lhe conceder o divórcio, sem pedir nada em troca. Quero apenas que me ajude a salvar minha mãe. Aguardo sua ligação, continuo com o mesmo celular, mas caso tenha se desfeito do número, deixo anotado no final da carta.

Com todo amor, May.

Estavam todas olhando para mim com uma certa perplexidade e, a primeira pergunta que ouvi, foi da parte de Mad.

— Você abriu uma carta que era para o Hut?! — minha irmã mais nova tinha na voz  um tom de reprovação. — Ficou acertado que toda correspondência direcionada ao nosso irmão, o Wayne tomaria conta.

— Uma carta vinda do México, achei um tanto estranho. O Wayne é o responsável por manter a vida profissional do Hunter, isso é um assunto privado. O mais importante aqui, é que pelo que está escrito na carta, nosso irmão tem uma esposa.

— Agora, sim, uma desgraça maior do que o meu filho em coma. Se casar com alguém no México, sem nos contar, não acredito nessa história e, se assim for, isso é um verdadeiro desastre. — minha mãe, sentada ao sofá, discorreu, irritada.

— Isso pode ser bom, de repente é uma boa pessoa e pode tirar o controle do dinheiro da familia das mão do Wayne. Não se esqueçam: sem essa esposa, se o Hunter morrer, nossa herança vai para a caridade.

— Ainda bem que estou sentada, senão eu cairia. — Krystal, minha irmã mais velha, se pronunciou. — Não sei como pode ser bom essa situação, Ed. Prefiro mil vezes que a fortuna do meu pai vá para a caridade, do que ficar na mão de qualquer mulherzinha do terceiro mundo. Além do mais, estou com a mamãe, não acredito no que está escrito aí, é melhor ignorar e fingir que jamais recebemos esse papel.

— Devemos averiguar se é verdade, a mulher pede ajuda para a mãe com leucemia, não leram isso? E se for verdade, se meu irmão realmente casou com ela e escondeu, foi pelo preconceito de vocês. Mas ninguém aqui pode negar que antes desse maldito acidente, o Hut praticamente estava morando no México por causa da rede de hospitais que foram criadas lá. — Mad chamou a atenção de todos.

— Mad está certa, não irei ligar, vou comprar agora mesmo uma passagem para Guadalajara e comprovar a veracidade do que está escrito aqui.

— Eu discordo totalmente, Ed. Isso é um erro. — Krystal insistiu.

— Não direi que vou ficar feliz se o que estiver nessa carta for verdade, mas Mad tem razão. Se meu filho escolheu essa moça, temos, sim, que ajudar a mãe dela. E o que não nos falta são hospitais para dar-lhe essa ajuda.

 

— Até eu averiguar os fatos, nenhuma palavra do que está escrito aqui a ninguém. — Alertei.

Krystal virou a face para o lado. Sabia que seria difícil para ela ficar de boca fechada, ainda mais com o namorado e com a Ariana. Já Mad era direta, a caçula afoita.

— Me desculpa, irmãozinho, mas se o Hut tem uma esposa, o Wayne deve saber, é ele o responsável pelo inventário do meu irmão.

—  Ao menos espere eu voltar. — insisti.

Mad não disse que sim, nem que não. Mas se ela falasse, pouco importava. Wayne teria que ir até o México para averiguar a veracidade e, se fosse, veria que o casamento foi realizado em 2021, dentro da lei, e não havia nada que ele pudesse fazer.

(...)

Meu plano era perfeito, estava mais perto do que nunca, em reaver o que era meu por direito. Minhas malas já estavam prontas, comprei a passagem para Guadalajara, consegui para o outro dia. Era tanta ansiedade, que nem sabia se conseguiria dormir essa noite.

Mesmo cedo, estava deitado na cama, sonhando com o dia em que teria Maitê. O dia que estaria dentro dela, com seu corpo maravilhoso satisfazendo meus desejos mais profundos e íntimos. Perdido em meus pensamentos, me assustei quando bateram na porta com uma certa agressividade.

Levantei da cama e abri a fechadura. Do outro lado, estava Ariana.

— Krystal foi bem rápida. — deduzi.

— Você sabe que essa carta que recebeu não passa de um golpe? — a ruiva de cabelos compridos adentrou o meu quarto sem ao menos ser convidada.

— Boa noite, Ariana! Pode entrar.

— Boa noite só se for para você, Edward. Seu irmão, antes do acidente, iria me pedir em casamento. acha mesmo que o Rich seria um bígamo?

— Às vezes pensava em se divorciar, ou simplesmente o que está escrito na carta é uma mentira, e é isso que irei averiguar.

— Não precisa averiguar, é apenas uma questão de bom senso. Seu irmão me amava e jamais se envolveria com outra mulher, me traindo.

— Estavam há mais de seis meses separados, ele foi para o México brigado com você e, quando voltaram, cansei de ouvi-lo dizer que estavam apenas se curtindo. Ariana, não se meta em assuntos familiares e não me enche o saco!

— Grosso!

— Cai fora! Tenho 9 horas de voo para enfrentar e esse assunto é de cunho particular, não lhe corresponde, não era nem mais namorada oficial do meu irmão. — a pus em seu lugar.

Ariana saiu batendo o pé, não havia nada que ela pudesse fazer, mas se ficasse no meu caminho, daria um sumiço nela.

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