Waleska Velasco
Foram dois anos de sofrimento, de amargura, de revolta.
Mas agora isso acabou.
Desde que Asunta se negou a me mostrar a carta que Rocco havia lhe deixado, eu sabia que havia algo pesado escrito ali. Entretanto, por mais que pensasse, jamais poderia imaginar o tamanho da ogiva explosiva contida naquele pedaço de papel.
O que Asunta não sabia é que, se tivesse me mostrado, teria me poupado de dois anos de consternação. Procurei essa carta por toda a casa e no escritório. Toda vez que ela saía, eu revirava o quarto dela.
E nada.
Mas ontem me deu um estalo. Só existiria um lugar no qual Asunta esconderia algo ligado ao Rocco.
O canteiro Gemelli.
Cresci vendo-a, todos os anos, no dia do aniversário de Rocco, passar horas naquele canteiro. Desenterrei a terra fofa e logo encontrei uma pequena caixa de madeira. Dentro havia um par de sapatinhos de lã azul, uma correntinha e a carta. Tudo era dele.
Essa carta deveria me destruir — mas não.
Ela me aliviou.
Tirou-me uma angústia